Ouça "A Semana na História" toda segunda-feira, com o professor e historiador Reginaldo Dias, às 11h50, com reprises às 14h50

A semana na História
17 de fevereiro: encerramento da Semana da Arte Moderna de 1922
A semana na História por Reginaldo Dias em 17/02/2025 - 11:50Ensinada nas escolas como um turning point da história da cultura nacional, a Semana da Arte Moderna foi realizada de 13 a 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo.
O objetivo dos proponentes e participantes era ensejar uma renovação cultural no Brasil por meio de novas linguagens nas artes plásticas, na literatura, na arquitetura e na música. Havia a ressonância de movimentos de vanguarda que vicejam no ambiente cultural internacional, que preconizavam a liberdade de criação e experimentação fora dos limites e enquadramentos de correntes influentes no período anterior, como o formalismo parnasiano, o academicismo nas artes visuais e o pretenso cientificismo da representação naturalista.
Acima de tudo, embora o sentido não fosse o mesmo para todos, os modernistas brasileiros imprimiram uma ressignificação do elemento nacional da cultura. Dessa forma, derivam da semana da arte moderna correntes contrastantes. Por um lado, o movimento “verde-amarelo”, que propugnava um nacionalismo puro, isento de interferências europeias, com tendências nativistas. Por outro lado, o movimento antropofágico, representado pelo manifesto de Oswald de Andrade, defendia a ideia de que era possível deglutir e nutrir-se da cultura estrangeira, sem se subordinar a ela, na composição da cultura nacional.
A despeito da importância que adquiriu na história cultural do país, esse emblemático evento não teve grande repercussão no momento em que ocorreu. Naqueles dias, mobilizou a atenção de uma elite culta e de mecenas da elite econômica e política de São Paulo, incluindo o governador do Estado, Washington Luís, que seria presidente da República poucos anos depois. Em certa medida, é um marco de emergência de São Paulo, que ascendia como principal centro econômico, como um polo irradiador da Cultura. A importância da Semana da Arte Moderna foi construída pela repercussão posterior e pela influência que veio a exercer.
A Semana da Arte Moderna foi realizada em um ano emblemático, quando o Brasil comemorava o centenário da Independência. Como escreveu a pesquisadora Marialice Pedroso, “o espírito do festival era uma espécie de ‘revolução sem sangue’ para marcar a Independência tanto política como cultural. Essa efervescência intelectual trouxe um saldo qualitativo nas artes nacionais e um movimento de amadurecimento estético. Possibilitou um afloramente de artistas, obras e novos espaços de luta contra o passadismo e fórmulas arcaicas”. Por isso, “marcou um tempo, uma ideia, um novo ciclo.”
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