30 de janeiro de 1933: Hitler chega ao poder
A semana na História

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30 de janeiro de 1933: Hitler chega ao poder

A semana na História por Reginaldo Dias em 27/01/2025 - 11:50

Em 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha, cargo equivalente a chefe de governo. Hitler chegou ao poder pelos meios legais vigentes no sistema político alemão, mas não por obtenção de maioria eleitoral. Por tudo o que sabemos da história trágica do nazismo, sempre se pergunta: como foi possível Hitler chegar ao poder? 

Derrotada na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha viveu uma crise social, política e econômica no período seguinte. As sanções impostas pelas nações que ganharam a guerra e a humilhação da derrota foram instrumentalizadas pelos grupos extremistas de direita. Foi nesse contexto que se formou o partido nazista, em fevereiro de 1920. Hitler ganhou popularidade com seus discursos inflamados sobre a situação do país. Em 1923, quando a Alemanha vivia uma crise econômica de alta intensidade, marcada por hiperinflação, Hitler tentou tomar o poder por meio de um golpe de Estado. Não teve sucesso. Detido, julgado e condenado, cumpriu pena. Ao sair da prisão, orientou o partido nazista a investir nos meios legais para chegar ao poder, ao mesmo tempo em que formava suas milícias. De 1923 a 1929, porém, o governo alemão renegociou suas dívidas e a economia foi estabilizada. Em um cenário de consequente estabilidade política, o partido nazista obteve resultados eleitorais irrisórios.

Em 1929, no entanto, a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque desencadeou uma crise mundial no sistema capitalista. Recuperada em bases frágeis, a economia alemã voltou a entrar em crise aguda. Nesse novo cenário de crise, caracterizada pela desesperança e pelo descrédito da política convencional, o partido nazista experimentou crescimento eleitoral expressivo. De 1930 a 1933, o governo alemão foi comandado por forças conservadoras tradicionais. Embora não alcançasse maioria de votos para governar, o partido nazista tinha força suficiente para desestabilizar a política, aliando prestígio eleitoral com a ação de rua de suas milícias.  

Em 1933, quando Hitler se tornou chanceler, as tradicionais forças políticas conservadoras e os grandes grupos econômicos consideravam que poderiam controlá-lo e usar sua popularidade para seus próprios fins. Não foi o que aconteceu. Em pouco tempo, a liderança de Hitler minou as bases da Constituição alemã, elaborada em 1919, a mais democrática de seu tempo, e implantou a sua ditadura totalitária.

O nazismo não foi uma experiência isolada em seu tempo. Foi a mais potente manifestação do fascismo, um movimento político impulsionado desde a década de 1920, na Itália, por Benito Mussolini. Na década de 1930, a democracia entrou em crise em escala internacional e vicejaram regimes ditatoriais. Alguns eram tradicionais, outros eram modernosos, como o fascismo, que dominava a máquina da propaganda e técnicas de mobilização social.

Estudar aquele período é importante não apenas para conhecer o passado, mas para entender o nosso próprio tempo. Há um debate, no universo político e acadêmico, sobre as manifestações de um fascismo renovado no mundo atual, em escala internacional. Não se trata de imaginar que a história se encontre em fase de repetição, mas de pensar que o fascismo pode ser renovar com roupagens e linguagens adequadas ao mundo atual, mas preservando seu repertório de intolerância política e autoritarismo.

Ouça "A Semana na História" toda segunda-feira, com o professor e historiador Reginaldo Dias, às 11h50, com reprises às 14h50

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