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Amor-Próprio: Além do Clichê, uma Busca por Satisfação e Conhecimento

Você provavelmente já ouviu inúmeras vezes a frase "você precisa ter amor-próprio". É um conselho comum, quase um mantra, que sugere que devemos nos amar acima de tudo. Mas o que, de fato, essa expressão realmente significa? Eu entendo que, em sua essência, ela se refere a dar valor ao que somos e aceitar de forma agradável e satisfatória a vida que levamos. Para ir além do clichê, precisamos aprofundar o significado desse "amor-próprio".

A Jornada do Conhecer a Si Mesmo

Ter amor-próprio, em uma análise mais profunda, é fundamentalmente compreender quem se é neste mundo. Para ilustrar essa ideia, é impossível não resgatar a sabedoria de Sócrates, o pai da filosofia. Ele defendia veementemente que "devemos conhecer a nós mesmos". Para Sócrates, cada ser humano tem a obrigação de buscar a verdade sobre sua própria condição através do questionamento, da reflexão e da dúvida. Conhecer a si mesmo é um processo contínuo de investigação interior, de busca pela compreensão de nossa essência e nosso lugar.

A Eudaimonia e a Satisfação de Ser

Complementando essa perspectiva socrática, podemos olhar para Aristóteles e seu conceito de eudaimonia. Para ele, a eudaimonia não era apenas felicidade, mas a satisfação plena de viver a vida que se está vivendo.

Portanto, amar a si mesmo de uma maneira mais coerente e profunda é encontrar satisfação em existir onde se existe. É ter a capacidade de compreender as coisas como elas são e, a partir dessa compreensão, agir de uma forma que nos traga satisfação genuína com nossas escolhas.

Não há nada mais angustiante do que agir de maneira inconsistente com quem realmente somos, ou de ir contra nossos próprios princípios. Como se costuma dizer, não há traição mais dura do que trair a nós mesmos, fazendo aquilo que, no fundo, não queríamos fazer. O amor-próprio, nesse sentido, transcende a superficialidade de um mero "gostar de si". Ele se torna a satisfação profunda de ser quem somos, de viver em alinhamento com nossa verdade interior.

A frase "amor-próprio" nos encanta, mas o que verdadeiramente deveria nos encantar e mover é a profunda satisfação de ser quem somos.

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