As pessoas podem até saber reconhecer siglas com PT, MDB, Psol, PSDB. Mas existem outras das quais a população não faz a menor ideia. E muitas delas estão lá, dentro do Congresso – por conta do voto popular. O que em algum momento pareceu pluralidade de ideias e grupos no fim se revelou interesse financeiro e criou fragmentações. Quem faz essa avaliação é a cientista política Débora Almeida, professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UNB). Ela veio a Maringá para dar uma conferência no Seminário de Participação Política e Democracia, realizado na UEM, nesta quinta-feira (23).
A situação política brasileira ainda coloca outras questões. As ideologias, por exemplo, que no passado poderiam ser divididas em esquerda e direta, hoje não dão conta de responder a sociedade. E, mais do que isso, elas foram colocadas de forma errada na eleição passada, avalia Débora Almeida.
O maior problema hoje é a falta de representação dos partidos, diz a pesquisadora. Há pelo menos duas décadas a personalização vem sendo estudada – ou seja, a figura da pessoa se sobressai ao partido. Isso indica falta de crença nas legendas e instituições – o que é perigoso, diz.
Em relação ao Governo Jair Bolsonaro, há pelo menos duas situações colocadas. A primeira: a de que a fragmentação de fato dificulta a governabilidade; a segunda, que, apesar disso, é necessário criar coalização. O presidente chama essa ferramenta de conchavo, aponta a cientista política.