Não se pode negar que a pandemia denuncia quem somos. Verdade nua e crua, estamos diante de nossa verdade nua e crua. Sempre lembrando que com toda a diversidade que é importante ressaltar. O país tem uma diferença regional gritante, o que demonstra que o problema da pandemia tem proporções distintas, construída em realidades bem diferentes.
Para determinadas regiões do Brasil a pandemia denuncia o caos que já existia e fica distante dos noticiários por não estar associado a fatos de grandes proporções, número de mortos, contaminados e o que é mais importante para que tudo isto ocorra e gere impacto, falta de infraestrutura. O norte e o nordeste do país sempre foram as regiões mais pobres, mas vale lembrar com uma desigualdade de renda gritante.
Agora, estas diferenças ficam mais claras. Os problemas se agravam onde a miséria se instala. Se a Covid-19 no início vinha de avião, agora ela se arrasta pelo chão. Os miseráveis são os mais atingidos. Os mais vulneráveis. São eles que não tem condição estrutural e mentalidade necessárias para enfrentar o problema. Gente que vive um dia atrás do outro.
Este problema é histórico. Nos acompanha a muito tempo. E, infelizmente, vai continuar conosco depois que tudo isso passar. Construímos esta condição ao longo de anos e se queremos romper com nossas dificuldades diárias temos que superá-las. Sem isso nada vai acontecer. Apenas estaremos remediando a condição que nos faz sofrer cotidianamente.
As nossas diferenças regionais se traduzem em números que temos acompanhado em relação a pandemia. Por isso, ela é avassaladora em alguns lugares e menos em outros. Claro que os gestores públicos municipais ajudam a influenciar nas decisões. Colaboram para a melhora ou piora das condições que se vive diante da propagação do vírus.
A população contudo conta, o comportamento de cada um é vital. E nele se denuncia os hábitos que nos acompanham a muito tempo. As práticas costumeiras que necessitavam de um tratamento mais adequado. O que infelizmente não temos e não teremos ao longo do tempo. Precisamos agir para mudar o permanente mais do que ficarmos remediando o cotidiano marcado pelas feridas que marcam as nossas vidas.