Dallagnol já foi "braço" da mesma lei que o condena
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Opinião

Dallagnol já foi "braço" da mesma lei que o condena

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 17/05/2023 - 08:00

No mundo grego clássico, os deuses têm virtudes e defeitos. Mesmo Zeus, o deus dos deuses, com toda a sua justiça, tem suas escorregadelas. Algumas acabam por custar incômodos, como por exemplo, manter relações amorosas com mulheres mortais e gerar os semideuses.

Outras divindades sofrem com a vaidade, Vênus, a deusa da beleza não suporta alguém que seja bela ao ponto de ameaçar sua posição. O bom gosto da deusa não impede que ela tenha raiva, ódio e deseje eliminar a concorrência.

Os deuses da Grécia Clássica eram mais humanos do que se imagina.

Homens públicos não são deuses e cometem erros constantes. Tem suas tramas e interesses como os normais. Muitos, não poucos, desejam arrumar uma forma de atingir o que desejam e nem sempre agem de maneira lícita, por mais que pregam a moral e a licitude.

O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos) teve o seu mantado cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A decisão foi unânime, daquelas com vontade. O júri foi coeso na condenação. Ninguém contestou no Tribunal, o deputado ainda pode. Dallagnol pode recorrer ao STF.

O parlamentar que perdeu o mantado e já foi chefe da Operação Lava-Jato, tinha processos pendentes no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Logo, não podia ter se candidatado e foi pego pela Lei da Ficha Limpa.

Ou seja, pela versão do Poder Judiciário, Dallagnol que sempre pregou a moral e transparência foi pego por uma atitude antiética.

Ele, o deputado cassado, reclama. Diz que calaram a voz de 344 mil eleitores. Também afirma que foi vítima de uma canetada.

A Lava-Jato também “canetou” e interrompeu a vida pública de muita gente.

Na Grécia Antiga, os deuses poderiam cometer seus delitos, quem colocaria uma divindade no banco dos réus? Na sociedade dos homens, errar é humano e dependendo do erro as consequências são sentenciadas pelos próprios homens.

Muitos dos que são sentenciados já foram juízes ou executores das sentenças de outros. Logo, não há o que estranhar, se errar é humano, o julgamento, sentença e condenação também são. 

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