Dependentes trabalhando e chefes desempregados
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

Dependentes trabalhando e chefes desempregados

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 06/01/2020 - 09:02

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) mostra que no terceiro trimestre do ano passado (2019) 60,1% dos dependentes das famílias estão no mercado de trabalho. Este percentual vem em uma crescente desde de 2014, quando 55,8% dos dependentes estavam trabalhando para ajudar na renda familiar. Em 2018 o índice foi de 58,8%.

Outro dado preocupante é a redução dos chefes das famílias com emprego. Em 2012, 70% dos pais e responsáveis estavam com emprego. Hoje este número é de 66%. Estamos vivendo uma dependência cada vez maior nos domicílios do trabalho de todos os membros da família. Muitos jovens estão abandonando os estudos para ingressar no mercado e ajudar na renda familiar.

Mesmo quando estamos comemorando a geração de empregos no país, a grande maioria é na informalidade. Hoje, mais de 38 milhões de brasileiros estão trabalhando sem carteira assinada e em empregos sem qualquer garantia, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A situação imediata do emprego não gera possibilidade de planejamento para as famílias. Literalmente, quando se fala em emprego, trabalho, geração de renda familiar, a maioria vive um dia atrás do outro.

Para piorar, o abandono dos estudos pelos jovens para ingressarem no mercado de trabalho piora a expectativa para o futuro. Uma realidade que hoje já demonstra o desemprego de mais de 30% entre jovens com 18 a 25 anos. A grande maioria sem qualificação para poderem pleitear um trabalho com rendimento melhor. 

É preciso investir na qualificação de jovens com urgência. Gerar um ambiente em que trabalho e educação não sejam antagônicos. Uma política de formação profissional que possa atender a necessidade de uma mão de obra qualificada e com capacidade de ocupar vagas de trabalho que tenha exigências para a contratação. 

Nas agências dos trabalhadores sobram vagas e se empilham pessoas a procura de emprego. A conta não fecha por falta de qualificação. Este é o sinal de alerta que precisamos ficar atentos. Trabalhar não é o problema, mas saber que a futuro no trabalho é fundamental. 

O ensino profissionalizante precisa ser levado a sério. Dar às pessoas oportunidades que podem não ser o desejo, o sonho que se tinha da profissão ideal, mas aquilo que se faz necessário para construir o futuro. O que é a condição vital para que se continue sonhando. 

 

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