Roberto Requião havia sido deputado estadual de 1982 a 1985 e prefeito de Curitiba de 1985 a 1988, o primeiro a ser eleito pelo voto direto depois da interdição imposta pelo regime militar às capitais do país.
A formação do PSDB levara para as fileiras tucanas importantes quadros do antigo MDB, incluindo o principal líder na fase final do regime militar, o ex-governador José Richa. Eleito senador pelo PMDB em 1986, José Richa voltou a concorrer ao Palácio do Iguaçu em 1990, mas agora pela legenda do PSDB.
Richa vinha de três campanhas majoritárias vitoriosas no âmbito do estado. Havia sido eleito senador em 1978, governador em 1982 e senador em 1986. Embora fosse visto como um dos favoritos por causa desse retrospecto, Richa perdeu fôlego e chegou em terceiro lugar em 1990, obtendo 21,1% dos votos. Esta foi a última vez que Richa disputou um cargo eletivo.
Procurando capitalizar o crescimento ensejado na disputa presidencial do ano anterior, o PT lançou o sindicalista Henrique Pizzolato, que chegou em quarto lugar, obtendo 6%.
A liderança do primeiro turno foi disputada, acirradamente, entre Requião e o candidato apoiado pelo presidente Collor, o empresário das comunicações José Carlos Martinez. Ainda que um certame não seja espelho do outro necessariamente, Martinez contava com a elevada votação do presidente Collor, em terras paranaenses, em 1989, quando obteve 67% dos sufrágios. Por isso mesmo, Martinez mimetizava seu estilo e suas propostas.
No final do primeiro turno, Requião chegou em segundo lugar, obtendo 34,24%, enquanto Martinez, liderando o certame, obteve 36%. A diferença foi de pouco mais de 50 mil votos em um universo de cerca de três milhões de votos.
A única vaga em disputa ao senado foi conquistada pelo empresário José Eduardo Vieira, um dos donos do Banco Bamerindus, candidato pelo PTB.
Com um resultado tão apertado na fase inicial, o turno decisivo teve fortes emoções. Para conter o presumível favoritismo de Martinez, Requião, conhecido por sua contundência discursiva, adotou a tática de promover denúncias contra a família do seu adversário, por suposto envolvimento em litígios de terras na fase de colonização do interior do Paraná.
O caso viria a ser convertido em demanda judicial, mas Requião obteve decisões favoráveis no âmbito do TSE.
Difícil determinar o peso dessa tática na definição do voto do eleitor, pois também devemos considerar que o PMDB tinha força organizada e o mando político do Paraná. Por seu turno, o vínculo com o presidente Collor não trazia apenas bônus para Martinez, pois o governo federal também sofria desgastes por impasses na condução da política nacional.
O fato é que Roberto Requião foi o vencedor no final do segundo turno, obtendo 55,7% dos votos válidos. Assim, o PMDB conquistou três mandatos consecutivos de governador do Paraná.