A escritora, professora de filosofia e ativista Marcia Tiburi disse ter decidido deixar o Brasil principalmente após ter participado de um evento em Maringá. Ela vive nos Estados Unidos desde o ano passado. Em 2018, a autora veio à cidade para a Flim, a Festa Literária Internacional de Maringá. A participação dela foi questionada por ao menos dois vereadores e principalmente por grupos de direita, como o MBL, que viam esquerdismo na escolha dela. Esses grupos diziam não aceitar que o dinheiro público pagasse a vinda dela. Márcia Tiburi é filiada ao PT. No ano passado, ela foi candidata ao governo do Rio de Janeiro.
Como escritora, ela é autora de ensaios como “Feminismo em Comum” e “Como conversar com um fascista”, e de romances como “Mágnolia” e “Era meu esse rosto”.
Marcia falou sobre a decisão e citou a cidade em uma entrevista ao blog da Nina Lemos, hospedado no UOL, nesta segunda-feira (11). Além do mais, a escritora falou sobre hostilidades e ameaças de morte que vinha recebendo.
Abre aspas: “Achei que tinha se tornado inviável ser uma escritora no Brasil. Eu sou ameaçada, mas as pessoas também são. A vida da cultura se torna inviável porque as pessoas prometem assassinato” fecha aspas.
Especificamente sobre Maringá, Marcia falou o seguinte: “Teve um momento em que o MBL fez uma página sobre um evento que eu ia fazer em Maringá, chamando pra uma manifestação. Queriam até proibir o evento. E foi muita gente lá para me apoiar em reação. Nesse dia estava todo mundo tão assustado que os organizadores providenciaram uma segurança armada, que revistou todas as mochilas e bolsas de todas as pessoas. Como que eu como escritora vou viver em um lugar onde tem milíciais midiáticas, milícias armadas, milícias da maledicência me atacando, e também atacando o conforto e a segurança dos meus leitores?”
Apesar do reforço da segurança, não houve nenhum problema ou protesto registrado durante a fala de Marcia Tiburi na Flim.
Nos Estados Unidos, a escritora fez uma residência literária. Na entrevista ao blog, informou que viaja para dar palestras em outros países.
Quando participava da mesa na Flim, a autora disse ter aberto mão do cachê, já que essa era a crítica de alguns grupos da cidade. A escritora pediu para o dinheiro fosse utilizado na compra de livros escritos por mulheres. Essas obras deveriam ser encaminhadas às bibliotecas públicas da cidade.
A CBN questionou a Secretaria de Cultura Municipal quanto ao assunto. A Semuc, responsável pela Flim, disse que o curador do evento, o jornalista Rogério Pereira, informou ter solicitado uma lista de livros para a escritora. Agora, ele aguarda a resposta.