A morte do menino Vitor Gabriel, de 7 anos, comoveu Sarandi. Era dezembro de 2015, último dia de aula, e Vitor faltou à escola porque não tinha dinheiro para comprar um bolo que a professora tinha pedido para a turma levar.
Vitor segurou na alça do ônibus de transporte escolar que passava pela rua. Queria brincar com o motorista. Numa curva, o ônibus passou por cima de um buraco, o menino perdeu o equilíbrio e caiu debaixo do rodado do veículo.
O pai, Alécio Fernandes, conta que no dia, transtornado, foi ao cemitério para acertar os detalhes do sepultamento.
Ofereceram um espaço provisório para casos de sepultamentos de famílias pobres, sem condições de comprar um terreno.
Alécio diz que queria que o filho descansasse em paz e preferiu comprar um terreno. Analfabeto, Alécio acabou assinando o contrato de uma carneira dupla, mais cara, de 1800 reais.
E até hoje não conseguiu pagar. Nem com o dinheiro que recebeu do seguro Dpvat a que Vitor teve direito.
É que, seis meses depois da morte do menino, a mãe da criança, mulher de Alécio, também sofreu um acidente. Ela pilotava uma motocicleta e foi atingida por um caminhão. Estava com a filha na garupa. A menina escapou sem ferimentos, mas a mãe teve sequelas, parou de trabalhar e até hoje precisa de tratamento como fisioterapia.
A família é bem pobre, sobrevive com cestas básicas, está com contas atrasadas e foi protestada por causa do terreno no cemitério que ainda não pagou, diz Alécio Fernandes. [ouça no áudio acima]
A CBN entrou em contato com a prefeitura de Sarandi. A assessoria de imprensa informou que vai buscar informação sobre o caso quando começar o expediente, no período da tarde.
Atualizado às 18h40 - A prefeitura informou que: "A atual administração tomou conhecimento do caso agora e está levantando todos os processos para que possa resolver a situação da melhor forma possível".