Opinião
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Fidelidade é princípio ou resultado?
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 25/10/2024 - 08:00
Trair é imperdoável?
Há quem considere a infidelidade imperdoável. Eu já ouvi inúmeras pessoas me falarem, traição é algo que não se admite jamais. Muitas pessoas, mulheres em especial, já sofreram feminicídio por causa do argumento de que foram infiéis. Em algumas culturas, isso pode significar um castigo físico ou a morte.
Vamos então entender a fidelidade. Se ela é o cumprimento do compromisso, respeito ao pacto, prática do combinado, há que se questionar, no que foi tratado, se ela é princípio e ou resultado.
Vou explicar melhor. Quando, por exemplo, duas pessoas fazem um combinado, estabelecem um acordo, há princípios. E o que são os princípios? Aquilo que sustenta a relação, o que dá sentido ao ficar-se junto, o fator determinante e motivador da existência do próprio acordo.
Onde a acordos há interesses.
Um exemplo, imagine que duas pessoas se casam por interesse financeiro. O casamento é acordado entre duas famílias por motivação e princípio de aumento do patrimônio ou garantir a um uma sustentação financeira e ao outro uma satisfação pessoal, sexual, ou social.
Logo, se você manter-se fiel a este princípio, logo, não deve haver traição. Se uma das partes sustenta financeiramente a outra, a parte subsidiada, sustentada, mantida deve se manter fiel. Logo, o princípio, o valor determinante da relação, é o acordo financeiro.
Imagine, que neste caso, a parte que sustenta a outra um dia vai à falência, perde o patrimônio que tem, e não pode mais sustentar o outro, a outra parte? Bom, não vai querer que se mantenha a fidelidade.
Logo, para que se tenha a fidelidade como consequência, há outros fatores que determinam a sua permanência.
Fidelidade é princípio ou resultado?
Porém, há acordos em que a fidelidade é um princípio. E, neste caso, é um acordo muito estranho. Já que ser fiel se torna uma prisão, um nó, na vida de um ser humano diante das relações que se estabelece e que podem ser nocivas, ter fundamentos agressivos.
Se considero que a fidelidade é uma garantia de poder confiar no outro, esqueço que a confiança antecede a fidelidade. E, quando falamos de confiança, a palavra não está só com a possibilidade da presença de uma terceira pessoa, de uma traição com um outro elemento, está também em não cumprir princípios, de não agir como o esperado, de não fazer o que se espera.
Por isso, que coloca a traição como um princípio acima dos demais e não perdoa o taxado de traidor, deve-se perguntar se já não traiu antes, se o seu comportamento não gerou a possibilidade da falta de fidelidade, estimulou a desconfiança.
Temos que saber separar os princípios dos resultados. Se queremos a fidelidade como resultado, não podemos romper com o combinado e colocar como princípios o que realmente determina a sobrevivência e a permanência das relações, a satisfação dos envolvidos e o motivo pelo qual se convive.
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