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Opinião
Genros fizeram e fazem história
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 17/01/2022 - 08:20Há uma longa história que une os interesses dos mais diversos. No encontro entre povos sempre há uma intenção. Os que chegam e os que estavam buscam atender interesses, colocar o outro em algum lugar de sua lógica. Os benefícios e malefícios dos encontros se resumem, muitas vezes, nesta busca de intenções nem sempre comuns.
Veja na formação brasileira e os primeiros encontros entre os ocidentais, portugueses e franceses, interessados na exploração do pau-brasil e os nativos que aqui viviam, os tupis em destaque. Enquanto o elemento branco buscava a extração de riqueza e poder ter acesso ao que seria mercadoria rentável no mercado mundial, os nativos também tinham suas ambições locais.
A relação de parentesco dos tupis e sua lógica de alianças com os estrangeiros faziam com que os chefes tribais casassem suas filhas. Este, o genro, passava a exercer influência na proporção que trazia progresso ao grupo ao qual desposou sua ou suas esposas. Muitos náufragos, de forma deliberada, marinheiros e soldados, de maneira intencional, passaram a viver em meio aos nativos e foram peças fundamentais na aproximação entre o ocidental e o indígena, os chamados genros.
Eles, os genros, promoviam as alianças necessárias para as guerras e viabilizavam as trocas. Foi assim que os materiais de ferro, principalmente o machado, cobiçado pelos indígenas, foi trocado por madeira e outros produtos de interesses dos europeus. Os objetos de metais diferenciavam os tupis dos demais nativos que dominavam os metais. Teriam um instrumento letal para acelerar as roças e dizimar inimigos.
Para os europeus interessados na extração da madeira, obtenção de produtos nativos e garantia de domínio sobre uma porção de território era condição fundamental manter as alianças. Portugal não teria se estabelecido sobre diversas terras do litoral se não fosse a aliança com os nativos e o papel fundamental dos chamados genros.
Alguns se transformaram em celebridades da história, Aleixo Garcia, Digo Alvares Correia, o Caramuru, e João Ramalho, o Arariboia. Muitos deles ganharam títulos dos governos português e francês pelos serviços prestados. Foram a relação entre o desejo do colonizador e as condições de aliança dos que viviam no território que se desejava colonizar.
Ainda hoje estes elementos existem e conjugam interesses diversos. Demonstram como a dominação não é uma questão de se impor, mas de seduzir. A relação de respeito as regras locais não significam imunidade as mudanças, elas chegam as vezes usando o que temos de mais conservador.
Mais do que nunca, na atualidade, conquistar um território é saber entender e dominar os valores e costumes daqueles que desejamos. Aos poucos e com a necessidade de aproximação, buscando um interesse ou desejo, se obtém o sucesso. E isto é uma via de mão-dupla. Não há inocentes, apenas interesses que são satisfeitos e logo trazem novos desejos e interesses que vão demonstrando o quanto os dois lados vão mudando.
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