Sempre nos comovemos com a quantidade de imigrantes que tentam atravessar o mar Mediterrâneo a procura de sobrevivência na Europa. A imagem do garotinho sírio morto em uma praia turca, em 2015, ainda repousa de forma negativa no imaginário de boa parte da humanidade. Todos não querem que a imagem se repita. Mas quando o imigrante se aproxima, até onde vai nossa solidariedade?
A movimentação que estamos assistindo dos venezuelanos agora nos afeta diretamente. Chega a nossa hora de entendermos o quanto há sofrimento de quem busca refazer a vida em outro país. E vamos falar a verdade, não é uma escolha, muitas vezes a única alternativa. Já faz tempo que imigrantes ilegais tentam entrar no Brasil. Há os que migram de forma legal. O que estamos vendo na fronteira de Roraima com a Venezuela é uma tendência no mundo. Há brasileiros que tentam a vida em outros lugares, também de forma ilegal.
Uma parte da humanidade está em movimento. Uma invasão que tende a crescer e com dificuldade de ser contida. Por um lado, o imigrante acaba sendo útil para fazer trabalhos que os moradores nacionais não desejam fazer. Aquele que chega a condição de miséria está disposto a qualquer coisa para continuar vivo. Até mesmo, a condição análoga à escravidão passa a ser uma opção. De onde ele vem nem isso tem.
O outro lado do imigrante miserável é o encontro com a miséria. Afinal, há os desesperados, que vivem em condição semelhante a sua, no país aonde ele chega. Estes são os primeiros a entrarem em desespero e desejar aniquilar o que chamam de “invasor”. O semelhante irrita por nos lembrar a nossa precariedade. Logo, assistimos a guerra entre os miseráveis.
O sentimento de rejeição aos venezuelanos está ocorrendo em outros países da América Latina que tem fronteiras com o país de Nicólas Maduro. O tirano está mais preocupado em manter-se do que atender ao povo que o sustenta no poder. Governos como o Venezuelano se reproduzem como praga em meio a fome popular.
Devemos fechar a fronteira? Não. Temos que aprender que o movimento de pessoas é uma constante. Precisamos é exigir a presença do tratamento humanitário nos países vizinhos. Antes disso, temos que ter dentro do nosso país um tratamento humano. Melhorar a vida da população e tirá-la da miséria. Não adianta apoiarmos o extermínio do invasor pobre, porque se não fosse seria bem vindo. Temos que combater a nossas mazelas, principalmente humanas, para fazer algo diferente do que faz o semelhante país vizinho.