Gilson Aguiar comenta a transformação do luxo privado em lixo público
Luciana Peña/CBN Maringá

Comentário

Gilson Aguiar comenta a transformação do luxo privado em lixo público

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 13/02/2018 - 08:20

Em uma reportagem de Carina Bernardino, a população do Jardim Alvorada está convivendo com um grande número de entulhos. Sofás, cadeiras, mesas, geladeiras, televisores, etc. Tudo o que não se deseja mais é, literalmente, colocado “da porta para fora”. Ironicamente no passeio público, no lugar comum, na rua ou avenida. O que um dia foi o luxo privado se transforma no lixo público. Obsolescência, você já ouviu falar? É que os produtos duram cada vez menos. Vários bens de consumo duráveis e semiduráveis tem pouco tempo de vida útil. Se o guarda-roupa de nossos avós duravam uma vida toda, nós vamos viver o bastante para ver vários destes móveis nascerem e morreram. Ninguém mais vai herdar um móvel que pertenceu a sua avó e lembrar dela ao usar um objeto que à pertenceu. Assim, descartamos inúmeros objetos diariamente na mesma proporção que compramos algo novo. Não gostamos do envelhecimento das coisas. Descartar é uma prática comum. Mesmo aquilo que ainda poderia ser usado é descartado. Se queremos estar rodeados pelas novidades, será difícil não ficar também cercado pelos entulhos do desprezo. Agora o poder público está a volta com a pressão da sociedade para resolver o problema. Segundo o poder executivo municipal, o recolhimento dos entulhos pelo Programa Bota-Fora não pode ser feito. Segundo o secretário de Serviços Públicos, Wagner Oliveira, a culpa é do vereador Homero Marchese que fez uma denúncia falsa ao Ministério Público de que a prefeitura estaria dando destino irregular aos entulhos. Correto ou não, a dimensão do que o lixo representa é a principal questão. A população e o poder municipal devem ficar mais atento aos seus atos. Quem consome produtos diariamente deve ter em mente que ter a novidade não é um prazer sem consequências. Descartar o usado também deve estar em nossa mende. Temos responsabilidade sobre isso. O instinto de ter algo novo tem o preço de saber o que fazer com o velho. Ao poder municipal tem que intensificar a educação, controle e destinação dos resíduos. O que fazer com o que se descarta? O poder público tem que ter uma política de tratamento de resíduos que literalmente funcione e não acumule mais problemas em forma de lixo. As doenças que estamos assistindo se propagar pela transmissão de insetos e animais peçonhentos tem uma relação direta com a alternação do meio ambiente. Ironicamente, em busca do novo e da novidade, estamos nos enfiando em entulhos que desprezamos e das doenças que nos lembra a sujeira que acumulamos.

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