Gilson Aguiar comenta os movimentos separatistas do Brasil

Comentário

Gilson Aguiar comenta os movimentos separatistas do Brasil

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 23/08/2017 - 09:09

Vamos cortar a parte podre? Sim, mas qual parte não é podre. Quando todos querem se separar acusando ser contaminado, não há solução. No Brasil, ao longo de sua história e também na atualidade, pipocam movimentos separatistas. A grande maioria sem relevância social. Porém, eles são uma demonstração da tese de que o problema é sempre dos outros. Aqueles discursos de mãe justificando os erros do filho, “são as más companhias!”.

O movimento separatista de maior fama, na atualidade, é o que deseja separar os estados do Sul do Brasil, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ele se chama “O Sul é o Meu País”. No Facebook, a página do movimento tem 122 mil curtidas. Mas nem todos que curtem curtiriam pegar em armas e fazer a independência.

Há até um movimento no Distrito Federal, com o título bem original, “Brasília é o Meu País!”. O mais engraçado neste movimento é o seu slogan, “Por Uma Brasília Livre da Corrupção dos Outros Estados”. Também é engraçado que a corrupção é retórica da maioria dos que desejam separar o seu quinhão nacional.

Mas a história do Brasil é feita de movimentos separatistas mais sérios, de ações concretas, de luta para a formação de um território livre. Sem levar em conta a Inconfidência Mineira, 1789, que se quer seja nacional e se concentrava no Sudeste do Brasil Colônia, há outros.

Conjuração Baiana (1798), Revolução Pernambucana (1817), Confederação do Equador (1824), Cabanagem (1835-1840), a República Baiense (1837), A Guerra dos Farrapos (1835-1845), Revolução Praieira (1848) e a Revolução Federalista (1893-1895). Fora os que deva ter esquecido. Mas o separatismo não é novidade.

A formação do Estado Nacional Brasileiro e forjado de forma autoritária. Foi a transferência da Corte de D. João VI que deu início a consolidação da unidade territorial e a consolidação do poder central. O Brasil nasceu da monarquia portuguesa, da implantação da estrutura administrativa de Portugal no Rio de Janeiro.

O então príncipe regente, ao se instalar no Brasil, trouxe a forma de governança patrimonialista, clientelista e nepotista. Aqui se adaptou as alianças e relações pré-existentes da administração colonial. Deste mal, todo o território se interligava e se comunicava muito bem através de suas autoridades, lideranças, elites econômicas locais participantes do poder.

O poder tem sua lógica que o sustenta. A permanência da unidade nacional foi construída a força, a custa de intervenções, de guerras contra separatistas, de conter revoltas sociais. Mas a maneira de manter a unidade brasileira foi eficiente, também, na relação de todas as regiões com o poder central.

Hoje, os movimentos separatistas são mais um exercício da alucinação imediatista não deve ser levado a sério. Estamos diante de problemas profundos que não se resolvem com rupturas. Nem tem forças sociais para isso.

 

Voltando ao começo de nossa conversa, todos os movimentos separatistas combatem a corrupção, esta é uma bandeira comum. Contudo, o culpado é sempre o vizinho, quem está ao lado. Logo, se quem quer se separar acusa o outro, e se o outro também é culpado, a “corrupção nos une”. Somos todos más companhias.

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