Vivemos a febre da vigilância. Acreditamos que como um “deus” com seu olhar que tudo vê e a todos controla podemos gerar a segurança necessária. Tolice. As câmeras denunciam mais a nossa má intenção do que garantem a paz que buscamos. Quando se fala no ambiente escolar as coisas pioram por descaso. A grande maioria dos pais não participa da educação dos filhos, não conhece os professores, ignora o conteúdo que é ministrado em sala de aula e estão distantes do cotidiano do ambiente onde seu filho é educado. Vale lembrar que crianças são mais agredidas dentro do ambiente doméstico do que em sala de aula.
Uma audiência pública discutiu ontem a instalação de câmaras de vigilância nas unidades de educação pública municipal. Inclusive dentro das salas de aula. Uma pesquisa mostra que 83% dos servidores da educação municipal são contra a instalação das câmeras. O levantamento foi feito pelo Conselho Municipal da Criança e do Adolescente. Na audiência pública para discutir o projeto de lei, vários profissionais ligados a educação demonstraram o descontentamento como a medida que deseja estabelecer o monitoramento.
Há uma visão superficial da educação por parte de homens públicos que discutem segurança e a necessidade do policiamento nas escolas. Uma lamentável incapacidade de entender a relação de educar. A violência que tanto se quer conter dentro do ambiente escolar começa fora dos muros das instituições de ensino. Está no ambiente doméstico onde a educação é distorcida e desvalorizada. O senso comum faz do ensino no Brasil um idealismo com poucos capazes de compreendê-la de forma real e profunda.
Às vezes, e por muitas vezes, a generalização que se tem em relação aos problemas sociais se estende na percepção que se tem da escola. O senso comum, aquele que a educação poderia superar. Valorizar a educação como ambiente de pessoas qualificadas ajuda a resolver problemas. Valorizar o professor ajuda a selecionar os que ingressam na profissão de educar. Ver a escola dentro da função objetiva que ela exerce na sociedade onde está inserida, colabora para que ela seja eficiente. Muitos pais deveriam frequentar a escola, conhece-la, entender a função que ela tem na sua vida e na dos filhos.
Por isso, e vez de colocarmos câmeras de vigilância em sala de aula, deveríamos ter mais pais mais vigilantes em relação a sua educação e a dos filhos. Mais do que controlar os professores, a sociedade deveria ter um comportamento melhor em relação à escola. Frequentar e aprender. As crianças, nossos filhos, ficaram mais seguras e serão melhores, sem a necessidade de controle em boa parte de suas vidas.