Corrupção, gasto ou investimento? Para responder esta pergunta é necessário outro: de quem estamos falando? O Brasil, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) tem na corrupção um ato que custa R$ 200 bilhões por ano. Para a maioria dos brasileiros é dinheiro jogado fora. Mas, outros, poucos, é o sentido do poder público.
Porém, a corrupção está associada a atos ilícitos. Tomar para si o que não lhe pertence. As formas como estas práticas ocorrem tem as mais diversas definições. Uma das tradicionais é o patrimonialismo. Fazer do bem público uma extensão do patrimônio privado. Usar do Estado como se fosse um bem privado. Muitos representantes públicos se ambientam com facilidade ao uso do patrimônio público como seu.
Outra prática que leva ao abuso, mas nem sempre uma prática ilícita, é a possibilidade de acesso a um montante dos recursos. Um levantamento do Observatório Social mostra que a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) tem um custo em deputados e seus gabinetes, de R$ 102 milhões por ano. A organização não governamental (ONG) levou dois anos pesquisando os gastos dos deputados paranaenses. Sofrendo para obter os dados, mesmo tendo acesso a um “portal da transparência” que pouco tem de transparente.
A quantia de recursos disponíveis para parlamentares é concedida por eles mesmos. Legislam em causa própria. Podem aumentar ou diminuir seus ganhos, seus benefícios. A grande questão é, por que não mudam? A resposta está no sentido de ser deputado, naquilo que dá sentido a candidatura. Se não existissem os benefícios não existiria o desejo dos beneficiados. Ser homem público permite “se fazer na política”. Por isso, a profissionalização do poder.
Para muitas empresas e corporações de grande porte a relação com o Estado passa em compactuar com a corrupção e excessos dos gastos públicos. Superfaturar e conceder benefícios em recursos e leis dá sentido do porque investir no país. Também, afasta quem busca uma relação honesta e eficiente. A malandragem é prática que atraem interessados e molda o perfil de quem se habilita a exercê-la. Na vida pública como nas demais profissões não é diferente, eficiência se dá pelo exercício prático da função.
Por isso, temos que ter interesse em entender os orçamentos dos órgãos públicos. Cobrar dos representantes a transparência de seus atos e cobrar facilidade e acessibilidade aos sites onde as informações são divulgadas. Aquilo que tanto queremos dos nossos representantes, respeito, deve ser consequência dos atos de responsabilidade de exercermos o nosso papel de cidadãos. Afinal, nossos representantes espelham os critérios de nossas escolhas. Assim como tudo na vida.