A câmara de vereadores de Maringá tem cercas, renovadas agora. Se quer proteger o poder legislativo municipal. Mas do que? De que? De quem?
No mundo medieval, no auge do feudalismo, os castelos eram colocados no ponto mais alto do relevo, cercado por obstáculos naturais e uma grande muralha. Era preciso evitar o invasor. A orla de “bárbaros” poderiam tomar o reino, se ocupavam as terras, não poderiam toma o centro do poder.
A sociedade de castas que habitam os palácios e castelos buscava evitar o contato com a massa. Era preciso entender a hierarquia na anatomia da construção. Olhar de fora e perceber que não faz parte da decisão.
Com a Revolução Francesa, com a ascensão do liberalismo, com o avanço da democracia, as casas representativas se abriram e permitiram o acesso do povo. O parlamento é, nas sociedades democráticas, o poder mais próximo da população. As cercas não combinam com o parlamento, muito menos com o municipal.
Logo, não teríamos outra prioridade na Câmara de Vereadores do que colocar cercas em seu prédio? Não é o sentido contrário, de aproximação da população, de liberdade de expressão e circulação que deveria se preocupar os legisladores.
Quantas cidades cercam sua câmara de vereadores? Em Curitiba não há cerca, assim como, não há também no Congresso Nacional. A “casa do povo” parece não ser do povo, pelos menos é o que diz a cerca instalada no legislativo municipal de Maringá. O Muro sempre faz-se ler, rompe com o mundo exterior e se isola dos perigos. Um deles o próprio povo a quem deveria representar.