Mais uma vez a relação entre o poder e algumas empresas no Brasil mostram o interesse em fazer do Estado uma extensão dos interesses privados. Algo comum em um país onde o poder público representa um sócio eficiente. Este é um mal que assistimos ao longo da história do país. Está em todas as denúncias feitas em operações de investigação, destaque para a Operação Lava-Jato.
A novidade podem ser os fatos, mas uma prática é de longa data, com inúmeros personagens. Há tanto tempo que a busca para se chegar ao poder público é estimula pelo desejo de fazer fortuna, fazer a vida, diante de um cargo público.
A máquina pública sempre necessitou de especialistas. Ao longo da formação dos estados nacionais, a eficiência ao atender as necessidades sociais exige racionalidade. A burocracia é a demonstração clara da busca de dar ao poder público condições de atender as demandas sociais e econômicas. Contudo, a profissionalização da burocracia pode estar a serviço de interesses torpes, distantes da função oficial e carregada de práticas ilícitas. Para fazer o errado há profissionalização também.
Quando ficamos sabendo da quantidade de recursos desviados, da forma das alianças perniciosas e de como os esquemas de corrupção são organizados, distribuição de dinheiro, departamentos especializados em contabilizar e distribuir propina, percebemos o quanto a prática intensa gera eficiência. De tanto se fazer se aprende a fazer melhor. O mal feito vira regra.
Porém, vamos sempre lembrar, é melhor ficar sabendo de tudo, enfrentar a quantidade de denúncias, conhecer os atos de corrupção em sua intensidade, do que perder a oportunidade de conhecer e mudar. É a democracia que permite isso, a liberdade. Graças a um processo democrático e representativo e que está amadurecendo é que vamos sabendo a verdade e podemos agir para fazer mudanças.