A concorrência é fundamental. Um ambiente de disputa exige de cada um uma melhora constante. Ninguém consegue se desenvolver na “zona de conforto”. A tensão tem seu preço e nos coloca em alerta. Quem teme a concorrência vive na busca de garantir a letargia, não muda e destrói a possibilidade de um futuro melhor.
Como entender a proliferação de medidas para regulamentar o fechamento dos supermercados aos domingos? Maringá tomou a iniciativa e ela passa a valer a partir de agosto. As redes supermercadistas afirmam que vão recorrer. Marialva já aprovou medida e Sarandi caminha no mesmo sentido. Como entender os efeitos desta medida e o que a justifica?
Moro em um bairro com suas peculiaridades, com inúmeros comerciantes de pequeno porte. Alguns são microempresários e trabalham com sua família na manutenção de um mercado, um restaurante, uma panificadora, uma loja. Vale lembrar que todas estas pessoas têm família, mas a sacrificam aos domingos para poder trabalhar.
De todos os pequenos que tiram seu sustento no bairro, uma parte considerável, principalmente panificadoras, minimercados, frutarias, sorveterias e bares ficam abertos aos domingos. Contudo, um deles sempre chamou minha atenção. Um casal e seu caminhão de frutas estacionado tradicionalmente em uma praça, há mais de uma década.
Seu pequeno empreendimento sobre rodas já tem vaga garantida. Contudo, está rodeado de uma concorrência intensa. Do outro lado da avenida, pelo menos duas vezes por semana, uma feira toma conta da praça. Fora isso, ele fica a menos de 100 metros de um grande supermercado, a 200 metros de uma frutaria. Não faltam concorrentes para o seu empreendimento. Mas como ele sobrevive neste ambiente de tanta competitividade?
Como cliente do caminhão de frutas, parte da resposta eu já sabia, minha escolha de comprar produtos no estabelecimento tem seus motivos. Qualidade do que se compra, sem a necessidade de ficar em uma gôndola escolhendo em meio a uma massa de consumidores. Os produtos são de qualidade, embalados de forma diferenciada, personalizada para ser mais exato. O abacaxi cortado em fatias e que se pode provar para conferir o gosto. O mamão também é oferecido do mesmo jeito. Uva, maça, pera, laranja e mexerica tem sua origem explicadas em detalhes. Dicas de consumo e conservação. Tudo tem sua garantia e traz consigo sua diferença.
Outro detalhe fundamental, o tratamento, a conversa, a oferta dos produtos, tudo o que se espera de um atendimento, ser respeitado, notado, valorizado. Nada do que encontraria em uma grande rede de supermercado que pouco se interessa pelas minhas particularidades como consumidor. Onde se oferta o produto em grande quantidade o interesse é atender a maioria. Lembrando que o que fideliza um cliente a procura de um produto específico é o atendimento. A fidelidade conquistada é uma constante de consumo.
Mas o seu empreendimento vai bem financeiramente? Vai. Já parei para ouvir sua história de investimento, compra, formação dos filhos e estabilidade. Ele não quer ser dono de uma rede de mercados, mas conquistou tudo o que tem com seu pequeno empreendimento. Há o sacrifício de trabalhar todo o final de semana. Porém, foi sua escolha e o resultado compensa. As inovações que implantou para garantir o sucesso de seu empreendimento foi fruto de pensar em melhorar, da experiência da adversidade, da busca de conquistar mais, de ser melhor.
Logo, o fechamento dos supermercados aos domingos traz benefícios a quem? Ninguém. Ou melhor, aos incompetentes e parasitas que amam não ter que mudar. Desejam que o cliente entre por não ter escolha de ir para outro lugar. Aqueles que não querem gastar seu tempo pensando em fazer algo diferente, melhor, avançar na qualidade de vida, contribuir para que as pessoas tenham mais respeito na hora da compra. Estes vencem sempre em um mundo subsidiado pelo estado ou por leis que amparam a inércia e eliminam a concorrência.