Há uma retórica constante de que a educação é um investimento, o futuro. Mas as práticas governamentais, via de regra, caminham no sentido contrário. Estamos sempre com cortes de investimentos e descaso. Para quem está a frente do poder público, não é prioridade de fato.
Se ficamos indignados com a retórica que não se realiza em fatos, temos que considerar o interesse e a lógica por de trás deste ato. A ignorância é um bom aliado dos ignorantes e mal intencionado. Na democracia onde a maioria não consegue perceber a lógica do poder, as condições reais dos seus problemas, acaba por aceitar uma explicação simples e simplista.
Assim perpetuasse determinados personagens no poder e mesmo quando se elege uma novidade, ela já é velha conhecida. A retórica mágica e messiânica, onde o personagem se coloca acima da lógica, dá à dimensão do quanto se espera um milagre e se acredita no que não existe. A ilusão sempre se alimenta da precariedade intelectual.
Logo, não fazer questão de investimentos para uma educação eficiente, não se permitir a eficiência da educação, é um dos alicerces importantes para manter o poder da forma como ele se expressa. Não conhecemos de forma profunda os nossos problemas. Não temos um olhar atento e fundado em conhecimento sobre aquilo que nos cerca. Estas são faltas fatais. Elas nos condenam e tiram de nós o poder de uma democracia que nos represente. Acaba gerando uma democracia fantasiosa de escolhas imediatistas e que representa nossas limitações.