Gilson Aguiar: 'falta eficiência na gestão pública'
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

Gilson Aguiar: 'falta eficiência na gestão pública'

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 24/08/2018 - 08:00

Estamos constantemente discutindo o quanto há desvio de recursos públicos por parte dos gestores eleitos pelo povo. A velha história de que os “políticos” são “ladrões” e eles abusam dos cargos que administram. Consideramos que o ingresso na política é uma forma de conseguir sucesso na vida pessoal e não a defesa dos interesses públicos. Há verdade nestas falas, também há exageros. Sonhamos com uma sociedade sem corrupção, sem abusos.

Um fato me chamou a atenção ontem, em uma reportagem de Victor Simião, na CBN. A Prefeitura de Maringá vai investigar o número de horas extras de 102 funcionários. Com base em dados levantados desde o ano passado, o poder público municipal constatou que há servidor que chegou a fazer 177 horas extras em um mês. Ou seja, trabalha o dobro da sua jornada regular. A questão é, “por que?”.

O secretário de Recursos Humanos afirma que o levantamento vai apurar os motivos das horas extras e tentar resolver o problema com adequação de horários e reduzir os gastos, R$ 11,3 milhões, em um ano. Uma sindicância vai investigar a situação e os funcionários envolvidos vão ter que se explicar. Caso exista irregularidades os funcionários terão que devolver o dinheiro aos cofres públicos. Não podemos esquecer que a Prefeitura de Maringá gasta quase a metade do orçamento com o pagamento de pessoal. Isto é um problema para as finanças públicas.

Precisamos de tantas pessoas dentro dos órgãos públicos? Um levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que o Brasil tem 12 funcionários públicos em cada 100 habitantes. O número está na média dos países latino-americanos. Se compararmos com os países desenvolvidos, na Europa, por exemplo, o número é bem maior. Lá são 21 em cada 100. A questão principal são os serviços prestados e a gestão dos gastos.

A modernização da máquina pública poderia dar conta de muitos serviços com mais eficiência. Poderíamos reduzir o número de horas extras, investir em tecnologia, terceirizar setores e pagar melhor os funcionários que demonstrem eficiência. Muitos trabalham excessivamente e ganham pouco. Talvez nem façam tantas horas extras assim para cumprirem bem sua função. É preciso reconhecer o esforço. Mas, na mesma proporção, conter os excessos.

Porém, este não é um problema só de Maringá. É preciso entender o peso do Estado como empregador. Perceber o quanto o poder público tem influência nos índices econômicos e sociais. A competência do estado e do funcionalismo reflete diretamente na economia. Serviços bem feitos, investimentos e prevenção colaboram decisivamente para a melhoria do ambiente social. O que estamos fazendo com o dinheiro público é fundamental.

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