Estatal tem seu mal
A Companhia Paranaense de Energia Elétrica, a Copel, não renovou convênio com a Caixa Econômica Federal e com lotéricas para o pagamento da conta de luz. O que era uma “mão na roda” para uma parte considerável dos paranaenses. A lotérica tem horário diferenciado e tem mais unidades que bancos. Além de agilidade no atendimento que muitas agências bancárias não têm. Mas agora?
Encerrada a facilidade, a empresa estatal de energia criou outro, um aplicativo para se baixar no seu smartphone e celular a conta de luz para que se possa pagar a fatura on-line, copiando o código de barra. Facilita para alguns, mas não todos. Nem todo mundo sabe lidar com um celular. Caímos na exclusão digital.
O consumidor de energia deve ter a vida facilitada, não limitada. Se pago por um serviço ou produto, a tendência de qualquer empresa é me oferecer a melhor qualidade. Mas esta exigência existe onde há concorrência. Não é o caso da energia elétrica no Paraná. O controle da estatal lhe coloca em um pedestal. Ela mal responde aos pedidos de reportagens por esclarecimento dos seus atos. Neste caso, diz que “não discute valores”.
Em uma reportagem de Victor Simião, sobre pontos de pagamento de contas de luz, onde a Copel procurou supermercados em Iguatemi. A intenção da estatal é criar pontos de pagamentos da fatura de energia. Mas o gerente de um dos mercados recusou a proposta. O valor pago por fatura é baixo, R$ 0,70. O risco por receber a fatura, circular dinheiro e ter que assumir possíveis erros representando a estatal, não compensa. Ele está certo.
Idolatramos as estatais como se fossem um patrimônio de todos. Não são, é um patrimônio do Estado. Nestes momentos, mal gestado. A empresa desrespeita o consumidor. Aí, quando se fala em privatização, todos pensam em corrupção. Lembramos da forma como foi privatizada a telefonia, outros órgãos e bens públicos. Não são bons exemplos. Mas a privatização não é ruim. O que ameaça a sua eficiência são as regras da privatização, os contratos de concessão.
Talvez, se tivéssemos uma gestão de mercado, concorrência, em empresas como a Copel, com contratos transparentes e sérios. Agências reguladoras que funcionassem de verdade. O consumidor não se sentiria tão sequestrado. Estamos nas mãos da decisão monocrática da empresa estatal sem preocupar-se com as condições do cliente. Já foi o tempo em que o consumidor, o usuário, corria atrás da empresa e lhe implorava ser atendido. Isto só ainda existe onde o monopólio estatal está associado a falta regulamentação e de respeito. Como no caso das contas de energia elétrica.