O filósofo grego, um dos pais do pensamento ocidental, considerava que vivemos no mundo das sombras. Uma de suas principais obras, “O Mito da Caverna”, é uma demonstração dos efeitos do reflexo na parede que consideramos realidade. Observamos a aparência das coisas e não entendemos a essência. O que leva as sombras? O que a luz (sabedoria) ilumina que não conseguimos enxergar?
Para Platão, o bom governo é aquele que tem os filósofos, os sábios, como governantes. Eles é que conduzem a sociedade para a verdade. Os governantes que vão além das sombras. Se tem o conhecimento sobre o que realmente é o problema que afeta a coletividade, tem a condição de apontar e decidir para a melhor saída.
A democracia, neste sentido, não parece ser o bom governo. A liberdade de escolha do povo pode ser fundada em critérios sombrios. Não saberíamos definir quem são os sábios, os mais capacitados para nos governar. Desta forma, diante da ignorância da maioria, a escolha é ruim.
Na vida pessoal não é diferente. Temos sempre escolhas feitas com base na aparência. Escolher o que não se conhece com profundidade pode ser um desastre quando temos que conviver e receber o efeito de nossas escolhas. Deixamos entrar em nossas vidas pessoas que são fruto de escolhas ruins.
Não considero, com Platão, que temos que abrir mão da democracia. A liberdade de escolha é fundamental. O que necessitamos é melhorar o ser humano. Dar a quem escolhe mais critérios fundados no conhecimento, racionalidade, para saber com quem está lidando.
O perigo é que a aparência tem se propagado como critério absoluto das escolhas que fazemos. No mundo do imediato, onde nada tem-se tempo de compreender e digerir, decidimos pela “primeira vista”. Logo, sem qualquer compreensão mais profunda. Assim, estamos condenados a viver no mundo das sombras. No escuro, tateando o futuro e sem saber para onde vamos.