Somos iludidos pela solução fácil. Aquela milagrosa, que considera que com um simples ato tudo irá mudar. Aquela lógica de anoitecer e não amanhecer. Ganhar na loteria, a tal da sorte. Diante da ignorância, se resume o problema entre o bem o mal. Os que têm boas e os que têm más intenções. As coisas não são tão simples assim.
Em tempo de eleição está lógica emerge, seja na boca dos candidatos ou nos debates da população a respeito das escolhas que desejam ou não fazer. Para responder a pergunta de quem merece o nosso voto, há um debate intenso para identificar os heróis e os bandidos. Os candidatos e sua oratória nada mais são do que o reflexo de nossa capacidade de compreensão e interesses. Quanto mais pobre nossa entendimento, mais simplificada as nossa forma de enxergar as opções. A nossa miséria só pode ser salva pela sorte. Mas miseráveis tendem a ser condenados ao azar.
Quando falamos do poder, da escolha de um representante público, estamos falando do poder. Temos que compreender qual sua função, a quem ele serve. E isso não está na lei, está na prática, nos sentidos, no ato e o que leva a alguém se candidatar ao cargo público. A política permite a permanência e sobrevive também dela. Talvez, a ignorância sustenta a relação que temos com nossas escolhas. O candidato sempre se apresenta como um “salvador da pátria”, o profeta da modernidade, a tacada de sorte, a saída fácil, porque sabe da nossa ignorância.
E se não fossemos ignorantes, faríamos as mesmas escolhas?
Não sei a resposta com precisão, mas acredito que se tivéssemos uma compreensão mais profunda da realidade que vivemos, não ficaríamos esperando uma saída fácil, uma tacada de sorte ou algo que mudasse a nossa vida do “dia para noite”. É triste viver em uma condição em que só poderemos ser salvos por um voto, por uma escolha no escuro, em acreditar na promessa. Estes são sinais de que a sorte não está do nosso lado. Sinais de que as chances de ganho são pequenas para quem está na condição errada e não entende o tamanho do erro.