Gilson Aguiar: 'justiça e política refletem o imediatismo'
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

Gilson Aguiar: 'justiça e política refletem o imediatismo'

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 31/07/2018 - 08:30

O país vive uma manipulação da lei para atender interesses imediatos, um casuísmo. Estamos diante de uma “caça às bruxas”. Agora, marcamos os inimigos por características superficiais e rompemos a garantia da lei, do direito. O nazismo e o fascismo se instalaram na Europa assim, combatendo o inimigo da “verdade artificial” imposta de forma autoritária. E como ela existe.

Ontem acompanhei a III Conferência de Direito Eleitoral, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil, subseção de Maringá. Uma das palestrantes, Vânia Siciliano Aieda, falou sobre a criminalização da política, inclusive este é o título do seu livro que busca demonstrar o quanto vivemos um tempo de perseguição acima da lei.

Um dos pontos importantes da fala da pós-doutora em direito constitucional é sobre o ambiente imediatista e midiático. O quanto estamos agindo para atender o aclame popular. Segundo ela, juízes devem decidir conforme a Constituição e não para agradar a sociedade. Decisões judiciais são indigestas para a percepção popular, muitas vezes. A busca de “ficar bem na foto” está influenciando magistrados.

O que mais me chamou a atenção é que a análise denuncia em uma tendência do mundo contemporâneo. O tempo da particularidade e da incerteza. A busca de ter a atenção da maioria. De agradar a quem interessa, seja os seguidores das páginas sociais ou aqueles que ganham com a lógica do absurdo.

Não por acaso queremos matar a Filosofia, a Sociologia, a Literatura, a Geografia nas escolas. E não se enganem que é para dar mais espaço ao professor de Matemática ou de Português. Na prática preferimos a ignorância a tudo e o deslumbre com o espetáculo. A luta entre o bem e o mal aparente virou o raciocínio. A salvação por um milagre ou por um “milagreiro” é a espera de todos.

Precisamos lutar contra a ignorância. Independentemente da nossa opção ideológica ou religiosa. E, até mesmo, para ter como optar é melhor conhecer antes. Hoje, todos falam o que querem nas redes sociais, mas a grande maioria não sabe do que está falando. Às vezes, nem os juízes em suas análises e decisões.

 

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