Mensalinho: vícios do poder
Uma cidade pequena do centro-oeste paranaense, Luiziana, está nas manchetes dos jornais. Ela é algo de investigação da Operação Tália. Foram 19 mandados cumpridos pela Polícia Civil na cidade.
O fato é que funcionários da prefeitura eram obrigados a entregar parte do pagamento para um “caixa 2” usado para financiar a campanha eleitoral do prefeito. Enquanto o mensalão dava subsídios a parlamentares, por exemplo, o mensalinho de Luiziana tirava dos funcionários para bancar a permanência do prefeito. Na miséria de uma cidade sem recursos, o dinheiro tem que ser tirado de quem vive de pouco e necessita do emprego público.
Luiziana é dependente do Fundo de Participação dos Municípios para sobreviver, como a grande maioria dos 399 municípios do Paraná. O prefeito, Mauro Slongo, do PDT, tinha no sobrinho, Thiago Slongo, o procurador jurídico. Cargo que assumiu com a ascensão do tio e o tirou da condição de leiteiro. Uma ascensão típica do nepotismo. Por isso, Thiago administrava o mensalinho. O líder político procura se cercar dos parentes para se sentir seguro e praticar de forma segura os atos mais secretos e ilícitos. Luiziana é um tiquinho, um quinhão, da política brasileira.
O que podemos aprender com a cidade do interior paranaense que tem 7.500 habitantes? Que a política é para muitos uma profissão. Fazer-se na política. Praticar atos para multiplicar o patrimônio. Vale lembrar o papel da miséria como subsídio para o enriquecimento. Manter uma população carente e dependente ajuda à extorsão. Mas Luiziana não é um caso isolado, ela é apenas um pedaço do tecido pernicioso da lógica do poder em muitas cidades do país.