Gilson Aguiar: 'morar na rua é falta de opção'
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

Gilson Aguiar: 'morar na rua é falta de opção'

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 04/09/2018 - 08:15

Há uma complexidade na condição do morador de rua. Quantos a entende? A crise econômica faz com que cresçam. A presença incomoda e gera preconceito. Nas áreas urbanas onde eles permanecem há insegurança e a ameaça às atividades econômicas lícitas. Ingenuidade considerar que se pode conviver sem conflitos em um ambiente desigual. Como resolver?

Conhecer ainda é o melhor ponto de partida. Agora, uma pesquisa será feita pela Secretaria de Assistência e Cidadania junto com o Observatório das Metrópoles para levantar o número de moradores de rua de Maringá. A percepção é de que aumentou. O fator econômico seria o principal propulsor deste aumento. Destaque para o desemprego. Mas é preciso um levantamento preciso para se concluir isso.

Pesquisa feita pelo Ipea em 2015 apontou que o número de moradores de rua no Brasil é de 101 mil pessoas. 77,2% residem em cidades com mais de 100 mil habitantes. Neste levantamento, a dependência química é o fator determinante para a condição, 35,5%. O desemprego vem em segundo lugar com 30% e os conflitos familiares 29%. Claro que temos que considerar que cada um destes fatores não descarta o outro.

Em grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, as que concentram a maioria dos moradores de rua, há, também, aqueles que têm residência e moram em condição de rua para economizar o dinheiro da passagem. Não podem voltar para casa por falta de condição econômica.

Esta população está propensa a doenças. Em cidades como Porto Alegre há um surto de tuberculose entre os moradores de rua que ameaça atingir pessoas que tem contato com esta população. Já se chegou a 80,4 casos para cada 100 mil habitantes, o que caracteriza epidemia. O levantamento é da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Por ela, a população de rua cresceu 57% em cinco anos.

Há uma tendência da população de rua procurar os municípios mais viáveis. Eles também fazem parte da população que se desloca constantemente a procura de sobrevivência. Esta presença não traz benefícios às cidades, mas tensão. Ingenuidade considerar que é possível conviver em paz com a condição da população de rua. Há prejuízos sociais e econômicos. Mas não se pode tratar a questão pela lógica da exclusão, varrer o problema para baixo do tapete. Muitos gostariam disso, mas aí é uma questão de miopia autoritária e não de lucidez necessária.

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