Gilson Aguiar: 'na crise ficam as soluções'
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

Gilson Aguiar: 'na crise ficam as soluções'

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 30/07/2018 - 08:00

Uma crise sempre nos apresenta a vida de forma transparente. Pode parecer estranho, mas é. Não há momento melhor para sabermos se somos ou não capazes do que a crise. Os tempos de “vacas gordas”, da abundância, são marcados pela falsa sensação de solidez de sentimentos e relações. Juras de amor são mais fáceis quando materialmente tudo vai bem. Porém, a crise não é para os fracos.

O país vive hoje uma das mais lentas retomadas da economia após a crise que se instalou em 2014. Para o grupo de economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Comitê de Datação dos Ciclos Econômicos (Codade), o país teve uma perda de 8,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e só vai retomá-la em 2021. O país tem um ritmo de crescimento de 0,5% por trimestre. Pouco, lento, para uma economia que cresceu significativamente até 2014.

Alguns fatores de incerteza acabam por piorar o quadro. Um deles é o desemprego, hoje o Brasil tem 13,7 milhões de desempregados. Os dados são da Pesquisa por Amostra de Domicílio (Pnad), ligado ao IBGE. Lembrando que a geração de postos de trabalho é a última a reagir diante da crise. Outro fator é a eleição de outubro. Dependendo de quem for eleito as coisas podem piorar. Se for eleito um candidato com falta de compromisso com as reformas necessárias para conter os gastos públicos a recuperação pode ser mais lenta ainda.

O que fazer diante deste quadro?

A primeira coisa é entender que temos que sobreviver a ela. A crise deve passar e estaremos do outro lado da “tempestade”. A grande questão é: “Como pretendemos chegar lá e com quem? ”. Uma das poucas questões trabalhadas em tempos de crise são parcerias. Elas nos ajudam ou atrapalham. Podem significar uma resposta ou mais um problema a ser resolvido.

Se estabelecemos relações em tempo de bonança, a possibilidade de ver os vínculos abalados é maior. A falta de hábito de lidar com a desestabilização e a perda são maiores para quem não vivenciou esta relação e apenas fez juras de amor eterno. O comprometimento é uma construção que necessita de fidelidade de longo prazo, permanência. Não é à toa que um número grande de pessoas se afastam quando os benefícios acabam.

Por isso, nas empesas, a produtividade deve ser dosada com a permanência, a estabilidade. Estamos sempre apostando na inovação, e sem dúvida ela pode nos tirar da crise. Mas somente inovar não resolve nossos problemas. Novas formas de fazer devem estar acompanhadas de pessoas disposta a agir e que conheçam com quem estão se relacionando. Não por acaso, empresas que trocam demasiadamente seu quadro de funcionários em busca de um ambiente novo podem jogar fora, com as demissões, elementos vitais para garantir a retomada com segurança.

Isto não é uma declaração para deixar as coisas como estão diante de uma crise. Mesmo porque não ficarão, haverá mudanças com ou sem nossas decisões. Melhor que elas sejam fruto de nossa vontade associada a consciência. Este é o equilíbrio necessário. Saber agir, mas sem jogar fora os vínculos fiéis. Eles podem necessitar de mudança, e se tiverem dispostos a mudar, por mais que de forma gradual, terão efeitos melhores do que trocar tudo, mudar todo mundo.

Por isso, fique atendo aos que ficam. Aqueles que permanecem em tempos de crise. Eles são a sua verdadeira saída. De resto, todas as decisões a serem tomadas terão sempre aliados necessários, selecionados pelo melhor critério disponível, a crise.

 

Respeitamos sua privacidade

Ao navegar neste site, você aceita os cookies que usamos para melhorar sua experiência. Conheça nossa Política de Privacidade