Estamos expostos aos inimigos. Onde menos esperamos, o que é pior. Eles estão por todos os lados, caminham na direção que nos encontramos e nos acompanham. Quando menos esperamos, o golpe. Em alguns casos e profissões, a exposição é maior.
O caso do “maníaco da torre”, que está sendo julgado em Maringá, por um dos assassinatos que promoveu, é uma expressão do risco. A violência que vem do risco da prostituição. Quantas mulheres estão expostas diariamente a violência. Uma agressão que pode chegar a extremos como no caso de um assassino em série, Roneys Gomes.
Premeditado, ele eliminava prostitutas, um assassino frio, mas com uma justificativa, o trauma de ter perdido a mãe, também prostituta. Logo, na sua mente e particularidade lógica, todas devem sofrer o destino que sua mãe teve. Se vinga a mãe? Não, se descobre o prazer de matar. O motivo torpe alimenta a sensação do extermínio.
Casos como estes devem nos levar a pensar no que move as pessoas. O que a sociedade constrói na particularidade de cada um o motivo para agir. Hoje, a violência sofrida por cada um é compartilhada de forma intensa. Mas nem sempre da maneira correta. Encontramos pessoas e ambientes onde expressar nosso descontentamento. Porém, em muitos destes lugares, a busca por vingança ou a sentença sobre um culpado é comum.
Vivemos uma sociedade que constrói um discurso de vitimização constantemente. Temos sempre como nos colocar na condição de agredido e que se tem direito a uma reação. A vingança, dizem, é um “prato que se come frio”, mas que muitos saboreiam intensamente temperado com o calor do sangue de quem se quer descarregar a vingança.
A lógica empobrecida agora se propaga como ato brilhante. Isto move assassinos em série ou jovens exterminadores que provem massacres. Os seres humanos rodeados de informação não se formam com elas. A relação com as pessoas é que nos dá o sentido de viver. E estas relações estão se empobrecendo, desprezamos a convivência, amamos a individualidade egoísta de nossas vontades. Os meus desejos e vontades devem imperar sobre todos.
O preço desta lógica é cara. Quando observamos a violência propagada e muitas vezes não anunciada, entendemos o quanto o inimigo que nos oferece maior risco está mais perto do que pensamos.