Nestas eleições estamos denunciando quem somos. Não há momento melhor de entender o perfil do eleitor do que nos debates políticos nas redes sociais. As ofensas abaixam o nível do debate de temas relevantes, mas que se banalizam na argumentação das discussões acirradas cheias de ofensas desmedidas.
A forma como as pessoas se expressam o que pensam, se pode chamar de pensamento, assusta. A questão não é refletir sobre a argumentação do opositor, mas exterminá-lo. Uma guerra onde vale tudo. Ações radicais encharcam a internet. Falas preconceituosas ou de estímulo à violência. Não se perdoa a mãe de ninguém. Às vezes, a própria faz parte da discussão.
Os candidatos, Haddad ou Bolsonaro, tem pouca culpa em relação ao comportamento de seus eleitores. Os dois trocam ofensas, mas nada se compara com o que os seguidores expressam no ambiente digital. O líder não tem nos liderados um controle, mas o ambiente é de descontrole. A generalização da ofensa foge ao bom senso.
As nossas expressões são a denúncia do que somos. O que preocupa não são os candidatos, eles são parte de nossas opções. O comportamento dos eleitores faz vir a tona nossa capacidade ou não de conviver com a diversidade, com a democracia, com a liberdade de opinião.
Não podemos ficar com discursos de vitimização do cidadão. Se a democracia está ameaçada é, também, por escolha do eleitor.