No Brasil, há uma doença chamada populismo. A fantasia de que o líder representa o desejo de todos e se eleito irá realizar a justiça social esperada. O profeta da política nasce dos desejos estabelecidos em valores comungados pelas classes populares. Somos adeptos de um cristianismo messiânico expresso em diversos movimentos que já ocorreram na história do pais. Crer em alguém que represente uma força divina, mágica, milagrosa.
O sonho de um líder se traduz na vida pública com a personificação do poder. Ninguém soube traduzir melhor esta imagem no Brasil moderno do que Getúlio Vargas. O líder caudilho gaúcho construiu em torno de si a ideia do paternalismo nacional. Nenhum representante público, até então, tinha construído a idolatria nacional. O carisma já havia se expressado, mas não com uma intensidade como Vargas construiu.
O populismo, passou a designar a forma de fazer política manipulando os elementos de valor e identificação populares e capitalizando para o líder as forças de sua identificação. Na atualidade, ninguém soube capitar melhor esta força do personalismo populista do que Luiz Inácio Lula da Silva. O líder petista se transformou na personificação do “bem-estar” praticado pelo poder público.
O personalismo é um problema. Deve ser evitado. Demonstra a fragilidade de compreendermos o pape da liderança na república democrática, no Estado de direito. A capacidade de organização das instituições e sua representatividade. Se rompe a diversidade das ideias e se aposta na unilateralidade da sentença do líder. Democracia não e isso.
Temos que tomar as rédeas de nosso destino. A cidadania é a organização da sociedade através da mobilização em instituições representativas. A elaboração de um projeto político parte da organização racional das instituições e sua capacidade de ser a expressão da participação social.
Desta forma, a liderança deve emergir da coletividade não se impor a ela.