Tem quem considere pichar uma forma artística de se manifestar. Não é bem assim. Grafite e pichação são duas coisas bem diferentes. Enquanto na primeira se caracteriza vandalismo, destruir, manchar, tirar a harmonia do lugar, gerar efeito de trauma, na segunda, há uma expressão de arte, a conceito, uma temática expressa em traços com um propósito de decoração.
Maringá agora tem agora uma lei antipichação. Os vereadores Jean Marques (PV) e Mário Hossokawa (PP) são os autores. Com uma série de características de punição para quem pratica a pichação, multa de mil a três mil reais, por exemplo, a medida veio em boa hora. Maringá tem inúmeras pichações em prédios e espaços públicos. Algumas delas em locais de difícil acesso. Quem vê se pergunta como alguém conseguiu chegar ao local para pichar?
Este tipo de vandalismo causa prejuízos para os cofres públicos, empresas e patrimônios privados. A cidade se enfeia com a forma de expressão sem sentido. Muitas das pichações usam uma linguagem de códigos de conhecimento restrito, marginal. Uma inteligência e lógica usada para uma ação de imbecilidade. A chamada perda de potencial humano para coisas inúteis.
Temos inúmeras manifestações na vida urbana. A cidade é cada vez mais o nosso habitat. Nela surgem segmentações que se multiplicam e às vezes se conflitam. A guerra de gangs, o estabelecimento de tribalismos é algo comum. As pichações são uma expressão, em diversos momentos desta segmentação. Contudo, vale lembrar, nem sempre o pichador se encontra em grupos econômicos marginalizados. Há muitos que são membros de ambientes de melhor renda, de formação requintada, de aparente vida “normal” que se aventuram na ilegalidade como um prazer de desafiar a regra.
O ambiente urbano deve ser democrático. Não quero confundir minha critica com os que defendem segregação. Temos uma pluralidade necessária. Ela deve ser mantida. Porém, pichação é violência, agride o direito de ter preservado ambientes. Quem dera o pichador lançasse sua ação sobre seu próprio espaço, sua moradia, a parede de seu quarto, onde vive os mais próximos. Raros são os casos. Pichar é agredir e não construir uma identidade e se tornar alguém rompendo com o direito do espaço do outro. Vale combater os pichadores.