A campanha eleitoral chega ao rádio e televisão. A partir de hoje os candidatos começam a mostrar suas “intenções” nos dois principais meios de comunicação de massa do país. Porém, o ambiente eleitoral deste ano é de descrença. Todos querem mudanças e olham com desconfiança as campanhas e os candidatos. Por isso, os mais radicais acabam por ser atraentes. Uma tacada certeira sempre foi à busca do eleitor na escolha de um representante público próximo a um “santo milagreiro”.
Nas ruas há pouca expressão de engajamento do eleitor. Não se discute de forma ciente e consciente o posicionamento dos candidatos. Diante do descontentamento há uma tendência ao desprezo a política. Os brasileiros incorporaram o hábito de não considerarem que o Estado, chamado de “democrático de direito”, venha lhes trazer algo melhor. Se vive apesar do poder público e não com o sua representatividade. Esta é uma relação construída ao longo da história e tem um preço alto na atualidade.
Na proporção contrária despejamos nossas esperanças na fé por um ser iluminado. Um abençoado de boas intenções que contra tudo e todos irá fazer o que deve ser feito, a justiça popular. A linguagem da população nas ruas é para os candidatos uma orientação para o tom que a campanha deve ter, superficial, emotiva e sensacionalista. Não é esta a linguagem dos noticiários que dominam os meios de comunicação de grande audiência?
Ontem, o Ministério da Educação divulgou o resultado do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), 70% dos alunos do Ensino Médio tem desempenho insuficiente. Formamos mal em matemática e português, pagamos o preço pela dificuldade de entendimento da sociedade sobre seus problemas por causa disso.
Misturando nossa formação ruim, a insatisfação com o poder, uma dose significativa de ignorância sobre a profundidade de nossos problemas, temos como resultado a dificuldade de superação da relação perigosa entre o eleitor e o estado. Logo naquele que é um dos momentos mais importantes da democracia, o voto. Por termos uma desqualificação crônica para fazer escolhas, acabamos por escolher mal.