Agora estamos às voltas para descobrir o responsável pelo incêndio no Museu Nacional. “O dedo apontado” já tem como alvo desde o corpo de bombeiros, os funcionários do Museu, Ministério da Cultura e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mas a culpa é de todos nós. A cultura, a memória e a ciência não são levadas a sério.
Nosso cotidiano passa longe dos espaços culturais que preservam nossa memória, nossa identidade e as múltiplas origens e convivência de valores que formam o país. Nossa capacidade de compreensão lógica de nossa formação, dos principais temas que nos atingem, dos artefatos, documentos e legados que constroem o mosaico do país queimou, mas já queimam em nossa vida todos os dias.
Um levantamento do Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2017, mostra que 70% dos brasileiros nunca foram a um museu. Mais de 51% não frequentaram um show musical. Mas, na contramão, 78% assistem a TV. Você pode até dizer que na televisão tem cultura, mas qual e para que serve? Não se despreza a cultura de massas, porém, qual sua importância na formação qualitativa dos brasileiros?
Há uma cultura passageira, efêmera, que vem e vai. Há aquela que permanece e constrói ao longo do tempo nossa identificação com o que fomos, somos e seremos. A razão de nossa construção mais profunda, a cultura que vai além do imediato. Esta é a diferença da literatura clássica e os livros lançados para nosso deleite imediato, por exemplo.
Por isso, os centros culturais, museus e espetáculos teatrais fazem diferença. A arte associada a cultura pode construir um ser humano melhor. É nela que temos que apostar para uma convivência com liberdade e consciência. São dos cultos que se espera a conduta adequada. A cultura não é a “cereja do bolo”, é o bolo!