Maringá tem 6,1 mil famílias a procura de uma casa própria e estão na lista do Plano de Habitação de Interesse Social. O representante do poder executivo municipal, diretor da habitação, Celso Lorin, considera difícil atender todas estas famílias em um tempo curto. Mesmo em médio prazo, vencer o desafio de zerar a fila de espera é impossível.
Para ser uma dimensão do problema, tem pessoas que esperam uma “casa própria” desde de 1993. Possivelmente, com o passar do tempo, parte destas pessoas saem da lista por terem falecido, transferindo para seus herdeiros a espera e não uma casa. Quem casa quer casa? Podemos considerar que antes de casar deve-se pensar se a formação de uma família se adequa a ausência de um lugar próprio para morar.
O metro quadrado em Maringá é caro. Tem um custo pesado para o poder público atender a demanda. O espaço do solo valorizado acaba por encarecer a função social da terra. O direito à moradia, o interesse de todos, o direito de alguns, esbarra na lógica do mercado. Em uma cidade que nasceu da valorização do solo tende a excluir quem não pode adquirir por recursos próprios.
A saída são as regiões mais afastadas do centro da cidade. A construção de moradias verticais, prédios, para um melhor aproveitamento do solo. Gerar infraestrutura nestas regiões e, também, meios de transporte para o deslocamento as regiões de trabalho. Há que se planejar a cidade para se ter uma política habitacional que atenda ao interesse social mais que a lógica do mercado. Porém, não se pode gerar problemas para que a economia imobiliária sofra perdas significativas.
Desta forma, o poder público quer esperar a elaboração de um plano diretor para poder discutir um plano de habitação social. O que não está errado. Contudo, deve ser discutido com lógica e visão no futuro. A casa popular irá ficar em um solo que muda seu valor e características ao longo do tempo. Onde hoje é periferia, amanhã não é. O que se constrói no em torno e o ambiente social que se cria faz efeitos.
A habitação é uma questão complexa. As construções tendem a ter um tempo cada vez mais curto. Os terrenos, muitas vezes, se valorizam e a construção, ao longo do tempo, se desvalorizam. O que hoje é uma solução, amanhã pode virar um problema. Planejar é solução, mas tem que levar em consideração o futuro dos ambientes e das pessoas. O acerto de uma moradia social está no olhar para o futuro e não apenas em ter um lugar para morar hoje.