Gilson Aguiar: 'segurança no Brasil é feita de remendos'
EBC

Opinião

Gilson Aguiar: 'segurança no Brasil é feita de remendos'

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 05/04/2019 - 08:06

Governo acena com a instalação de celas modulares em Maringá, as chamadas shelters seria uma solução provisória para poder abrigar até 300 presos na região. Elas poderiam se instaladas em Maringá e Sarandi. Quem defende a ideia é o deputado estadual, delegado Jacovós. Segundo ele, as celas são uma resposta à superlotação que existe nas cadeias e penitenciárias da região.

Do outro lado, contra a instalação das shelters, está o Conselho de Segurança de Maringá (Conseg), liderado pelo coronel Antônio Tadeu Rodrigues. Ele critica a instalação das celas e afirma que é uma saída provisória. Além de considerar a medida provisória exclusiva para Maringá. O coronel lembra que não há segurança com a concentração de presos neste tipo de solução. Principalmente no antigo cadeião de Maringá que foi destruído, parcialmente.

Assim, o debate que discute os aspectos do sistema penitenciário brasileiro tem a mesma retória diante de um problema de difícil solução, superlotação. O excesso de presos demonstra como funciona o trato a segurança pública e o descumprimento da lei. Como se reproduz na sociedade a condição de vida das pessoas.

O Brasil tem uma sociedade violenta, onde as garantias mínimas dos cidadãos não são respeitadas. A agressão à vida faz parte da própria história brasileira. Construímos um poder de repressão imenso, mas não resolvemos paralelamente a desqualificação e marginalização de grande parte da sociedade. Nossos ambientes de violência, de agressão à vida humana, são muitos. É necessário afirmar e confirmar a sociedade fundada na garantia dos direitos, na democracia.

A questão da segurança pública está ligada diretamente a outros fatores. A geração de emprego e renda, que está ligada a qualificação, educação, moradia e saneamento. Políticas básicas e fundamentais para que as pessoas possam ter uma vida digna e não se reproduzir o sentido da violência nas regiões periféricas, nas áreas de risco.

Nestas localidades mais distantes, o Estado precisa se fazer presente. Se eficiente, prestar serviços básicos. Ser uma orientação, mais que uma repressão, mais resposta que estimulador de problemas. O próprio papel do aparato de segurança tem que mudar. Gerar uma relação fundada na segurança e não na repressão. Agir para manter a ordem e não ser agente de violência em nome da ordem ou não.

A questão da segurança pública, na qual envolve o sistema penitenciário, é complexa. Não se resolve com celas provisórias. Já que, todos sabem, o provisório, em alguns setores dos serviços públicos, acabam sendo saídas permanentes.

 

Respeitamos sua privacidade

Ao navegar neste site, você aceita os cookies que usamos para melhorar sua experiência. Conheça nossa Política de Privacidade