O Brasil continua colhendo atos de violência contra a mulher que o colocam como um dos mais agressivos por questão de gênero. Em 2016, cinco mil mulheres foram assassinadas por discriminação. Lembrando que o crime de feminicídio foi definido legalmente em 2015. Este tipo de crime aumentou 6,4% nos últimos dez anos.
A Lei Maria da Penha fez 12 anos ontem, terça-feira, um avanço em relação ao combate a violência contra a mulher. Podemos medir a eficiência da lei pelo número de pessoas que passaram a denunciar a agressão. Somente no primeiro semestre deste ano foram mais de 73 mil denúncias no primeiro semestre deste ano.
Nestas últimas semanas, crimes contra a mulher, inclusive homicídios, ganharam a mídia, mas ele já ocorre há muito tempo. A violência praticada pelos homens contra suas parceiras é uma constante social. As denúncias feitas para o Disque 180, vão desde cárcere privado ao homicídio.
Por isso, em briga de marido e mulher se mete a colher. A denúncia é fundamental, mesmo para quem não está envolvido diretamente no ato de violência. Quantos nos calamos ao presenciar, conviver e compactuar com o silêncio com a agressão.
Porém, lembro que a violência contra a mulher faz parte de uma cultura, um culto, estabelecido com naturalidade nas nossas relações privadas e coletivas. Nesta naturalização do comando masculino, na supremacia do homem dentro do lar. Legitimamos o preconceito na criação dos filhos.
O combate à violência contra a mulher começa em casa. Rompendo com o falso discurso de proteção e com uma criação para a emancipação da mulher. Se nós desejamos que elas tenham independência financeira, devemos também estimular para que conquistem a autonomia como uma obrigação. Muitos pais impõem as suas filhas o destino de casar e ficar subordinada a um parceiro como destino.
Viver com alguém deve ser uma escolha. As pessoas devem decidir se querem ou não viver com alguém. O casamento não deve ser uma obrigação, mas uma escolha. A liberdade deve ser cultuada desde o início de nossas vidas, em casa. A lição é melhor quando vem dos atos, mais do que das palavras.