Um grupo de oito pessoas foi formado para discutir a implantação do sistema de cotas raciais na Universidade Estadual de Maringá. São sete professores, um deles negro, que representam cada um dos centros que a UEM tem, mais uma estudante.
O grupo foi criado a pedido da Câmara de Graduação, composta pelos coordenadores dos cursos de graduação, que discute temas relativos a essa área na UEM. A relatoria de um projeto costumeiramente é feita por um único relator. Como o sistema de cotas raciais é visto como algo polêmico, a Câmara optou por formar uma comissão para haver um debate mais amplo.
O pedido de cotas raciais foi organizado pelo movimento negro de Maringá – principalmente o Yalodê Badá, com o apoio de movimentos sociais. A proposta foi feita oficialmente em setembro.
A primeira reunião do grupo de relatores ocorreu em outubro. A segunda, nesta semana. Em um primeiro momento, a comissão solicitou o posicionamento dos professores dos cursos de graduação da UEM. Tem gente contrária, favorável – e favorável mas com ressalvas à proposta inicial. A CBN apurou que o pedido apresentado pelo movimento negro, que exige um percentual de cotas para negros, não tem consenso até o momento.
Há quem concorde com o sistema de cotas, mas quer seja para pessoas negras e de baixa renda – uma espécie de mistura com o atual sistema de cotas sociais.
Os relatores devem chegar a um consenso e dar um parecer favorável ou não à proposição. Aí, a discussão é levada à Câmara de Graduação, que decide se aprova ou não. Depois, a proposta é encaminhada ao CEP, o Conselho de Ensino e Pesquisa, formad por coordenadores dos cursos de graduação e pós-graduação, que debate o tema e finaliza o processo - a não ser que haja algum recurso para ser levado a última instância, o COU, o Conselho Universitário.
O professor Márcio Noveli, coordenador do curso de Administração e presidente do grupo de relatores, diz que o momento é de debates dentro da comissão. E que os membros estão sensíveis a questões envolvendo as minorias.
O grupo de relatores espera que a demanda seja finalizada ainda no primeiro semestre do ano que vem. Caso a proposta seja aprovada, o sistema começa a valer no vestibular de 2020. Aí, ingressantes vão poder utilizar o sistema de cotas raciais em 2021. Como ainda não há consenso, pode haver mudanças.
A atuação do movimento negro para a implantação do sistema de cotas raciais vem desde 2015, mas ganhou força mesmo em 2017.
O Diretório Central dos Estudantes e alguns dos centros acadêmicos da instituição são favoráveis às costas raciais. O reitor Julio Damasceno também. Foi o que ele disse durante a campanha para eleição da reitoria.
Dados de 2017 mostram que na UEM 65% dos alunos se declararam brancos. Naquele ano, menos de 3% se disseram negros ou indígenas.