

Opinião
Inteligência é Poder? Uma Reflexão Sobre Liderança, Ética e Reconhecimento
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 17/06/2025 - 08:00
Inteligência e Sucesso: Uma Relação Nem Sempre Direta
É comum associarmos inteligência ao sucesso. Acreditamos que pessoas com grande capacidade analítica, amplo conhecimento e princípios éticos sólidos são também aquelas que ocupam posições de poder, acumulam riqueza e são admiradas por sua competência. No entanto, essa associação nem sempre se confirma na realidade.
Hans-Magnus Enzensberger, renomado jornalista e ensaísta alemão falecido recentemente, já alertava para esse desencontro. Ele conviveu com muitos homens poderosos ao longo de sua vida — mas nem todos eram, de fato, inteligentes. Poucos possuíam a profundidade de pensamento necessária para tomar decisões éticas, humanas e verdadeiramente respeitosas. Ter poder não é o mesmo que ter sabedoria.
O Pragmatismo no Poder
Grande parte das pessoas que chegam ao topo do poder não o fazem por sua inteligência refinada, mas sim por uma abordagem pragmática. São indivíduos que buscam soluções imediatas, focadas em seus próprios interesses e na resolução de problemas pessoais. Agem com foco no retorno rápido, e raramente pensam além de si mesmos.
Essas figuras raramente deixam um legado duradouro. Faltam-lhes a visão de posteridade, o desejo de contribuir com algo maior do que suas ambições individuais. Assim, fica claro: inteligência não é sinônimo de riqueza, nem de comando, tampouco de liderança admirável.
O Papel da Sociedade na Valorização da Inteligência
Se a inteligência não garante o poder, o que garante? A resposta está nas escolhas sociais e coletivas. São as pessoas — eleitores, apoiadores, seguidores — que atribuem valor à inteligência, que decidem quais características devem estar presentes em seus líderes. Quando a sociedade valoriza o conhecimento, a ponderação, a profundidade ética e a capacidade de enxergar o outro, ela constrói um padrão de liderança mais elevado.
É nosso dever, enquanto cidadãos e seres humanos, refletir sobre os critérios que usamos para escolher quem admiramos, quem seguimos e quem colocamos em posições de influência. Devemos nos perguntar: essa pessoa representa mais do que pragmatismo? Ela possui um senso de humanidade, de complexidade, de responsabilidade ética?
Conclusão: Repensando Nossas Escolhas
A maioria dos líderes contemporâneos são pragmáticos — eficazes, sim, mas limitados em visão e profundidade. Se quisermos um mundo mais justo, mais ético e mais humano, precisamos valorizar a inteligência verdadeira: aquela que vai além da razão rápida e busca o bem coletivo.
Pense com cuidado em quem você escolhe como referência. Quem, para você, representa um ser humano de qualidade, eficiência e poder genuíno?
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