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Opinião
Maringá já foi o Brasil e hoje ama ser exceção
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 09/05/2023 - 08:45Hoje consideramos Maringá um exemplo de prosperidade, de empreendedorismo. Falamos do associativismo e da importância que ele teve no desenvolvimento da cidade. Sim, há méritos nisso, muito. Mas estas condições não explicam tudo.
Maringá nasceu como resultado de um projeto de integração agrária. Serviu como centro de abastecimento de unidades produtores agrícolas de médio e pequeno porte. Foi centro de irradiação de ocupações no campo, voltadas a produção cafeeira.
Porém, também, e por resultado de fatores nem sempre controláveis, do favorecimento de políticas estaduais e nacionais que promoveram os desdobramentos de suas atividades econômicas, a cidade soube aproveitar a onda das mudanças.
O café é tido por todos como o elemento fundador da atividade econômica da região. Porém, a expansão agrária permitiu o deslocamento de muitas pessoas para a promoção da cultura que fez da ocupação agrícola a fonte de uma demanda de consumo fundamental para o comércio interno. Sem isso, nenhuma cidade sobreviveria.
Este foi o ambiente que fez de Maringá e de muitas cidades da região um sucesso comercial. O abastecimento de pessoas em uma frente agrária em formação, marcada por uma cultura agrícola que exigia trabalho humano para o sucesso da produção. Bem diferente do maquinário agrícola predominante no campo que temos hoje.
Nesta terra, além de café, se produção feijão, se produziu hortelã, se desdobrou atividades agrícolas paralelas. O comércio viveu do abastecimento pecuário, não por acaso, na cidade, se formaram dois dos maiores frigoríficos do país nas décadas de 1970 e 1980.
A cidade já foi o segundo maior centro atacadista do país, perdendo apenas para São Paulo. Aqui se formou uma das maiores empresas do ramo.
Maringá já sonhou ser um centro industrial, uma nova Campinas. Já atraiu uma população operária industrial que era a olhos vistos uma grande parte da população. Força de trabalho produtiva, braçal. O futebol já tinha espaço nesta camada social e o Carnaval de rua já fez história.
A massa que se deslocava das áreas periféricas para o centro e do centro para a periferia numa leva de seres humanos em ônibus e bicicletas. Predominavam nas vias públicas. A cidade já teve a cara do Brasil.
A vida urbana já foi diferente do que se é. O que se vê hoje é resultado do que já se vivemos. Maringá já foi a expressão da diversidade e da contradição do Brasil. Hoje aspira e divulga ser exceção. Às vezes, para os desatentos ou desinteressados, este passado parece que nunca existiu.
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