Onde está nossa boa educação? Ela parece que se foi. Some quando o instinto se eleva e assumimos os desejos mais imediatos. Esta condição sempre se apresenta quando nos sentimos ameaçados. Estamos. A vida parece que está por um fio e começamos a defender nossos próprios interesses. Este tema é discutido pelos filósofos constantemente.
A morte nos é o principal temor. Não por acaso, o sentido da vida é sempre profundo porque há a certeza de que ela tem prazo de validade. Se há outra, e muitos acreditam que há, inclusive este que vos fala, não tira o temor de perder esta. O ateu também teme fechar os olhos para sempre e, alguns, esperam estar errados quando o “fim chega”.
Porém, há os que não dão muito valor a vida. Consideram ela apenas um imediatismo constante de satisfação. O desprezo pela vida alheia é muito comum entre os que perderam o sentido de sua existência ou nunca tiveram. O ser humano expressa em seus atos a precariedade de seu juízo. Estamos assistindo muito disto agora.
Quando percebemos a desobediência às medidas de segurança para evitar a contaminação da Covid-19 é possível perceber o desprezo que certas pessoas tem pela vida. Pela dos outros e pela sua própria. O instinto de desejo imediato fala mais alto que a preservação da coletividade onde nossa existência se realiza e se mantém. O duradouro dá lugar ao efêmero.
Por isso, para muitos, a dimensão de sua superficialidade e o peso da existência em sociedade só chega quando a dor se aproxima e atinge o próprio ser humano. O aprendizado com a dor alheia. Acompanhar o crescimento do número de contaminados e mortos todos os dias não sensibiliza. O outro parece não ser um igual, alguém que tem pessoas como eu, que amo, na minha intimidade. Só quando a minha particularidade é atingida, peço que ajudem. Por que então, me nego a ajudar enquanto isso não ocorre?