Nem toda a vítima é um inocente
CBN Maringá

Opinião

Nem toda a vítima é um inocente

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 15/07/2024 - 08:00

Atentado não legitima ideias

O atentado a Donald Trump é tema em alta. Nele, se deseja relembrar os inúmeros casos de tentativa bem e mal sucedidas de eliminar um líder político. Seria pouco ousado afirmar que a tentativa de matar o representante público, o governante, o líder é ato comum na história. O que não faltam são exemplos. Nem o Papa escapou.

Clamar inocência e perseguição causa simpatia popular. No ideário cristão, cultura da discriminação e violência sobre o que procura justiça dá um ar de santidade a vítima. Classificada como perseguida porque deseja fazer justiça. O mártir parece ser o melhor governante. 

Somos tentados a transformar os perseguidos, os violentados, os agredidos em seres plenos de bondade. Nem sempre isso é verdade. Por sinal, em regra, uma coisa não tem relação com a outra. As vítimas de um fato podem não ser inocentes em outro.

Porém, na razão lógica, nem sempre o bem é perseguido pelo mal. 

Mas, estamos em tempo de campanha e um fato pode ser tornar a lógica determinante de uma realidade mais complexa. As pessoas gostam de resumir o que não compreendem ou o que tem poucos elementos para entender. Simplificar é tendência para satisfazer a mente pobre de elementos de análise diante da realidade. 

Observe que na vida pública, assim como na lógica privada, o “vitimismo” é um bom argumento. Desejamos encobrir o mal-feito com a perseguição sofrida, mesmo que seja um caso de exceção. Mas, bem propagado, divulgado e publicado, gera uma sensação de tendência em meio a raridade. 

Porém, me parece que no jogo do poder vale tudo, inclusive distorcer a realidade. Isto é perigoso. 

Não podemos aceitar que as pessoas corram risco de vida por defenderem um determinado ideal. Em uma democracia temos que preservar o direito à expressão, a liberdade de ideias, pensamento. Não podemos admitir que alguém seja assassinado por ser um líder político. 

O que não se pode fazer é distorcer o contexto pelo fato. O atentado não legitima o que a vítima pregava. Se há inocência ao ser alvo de um atentado, não há defesa de suas ideias por isso. 

 

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