Onde Repousam os Nossos Limites? Poder, Consequência e Consciência
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Opinião

Onde Repousam os Nossos Limites? Poder, Consequência e Consciência

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 15/09/2025 - 08:00

Maquiavel e o limite imposto pelo outro

Maquiavel acreditava que o limite de nossas ações não está dentro de nós, mas no outro. Segundo ele, a força, a ambição e a busca incessante pelo que desejamos só cessam quando encontramos oposição. É o concorrente, o prejudicado ou aquele que resiste à nossa vontade que estabelece a barreira.
Se não houver quem se oponha, a ambição não encontra freio. O desejo segue avançando até ser vencido pela resistência alheia. Em Maquiavel, portanto, o limite é sempre externo, dado pela força da oposição.

Stuart Mill e o limite das consequências

Já para Stuart Mill, o limite das ações humanas não reside apenas no confronto com o outro, mas nas consequências que nossos atos geram. O que fazemos deve ser medido pela responsabilidade que temos em relação aos impactos sobre os demais.
A pergunta central passa a ser: quem será atingido e de que forma? O limite, nesse caso, é o benefício ou o dano causado por nossas atitudes. Quanto mais positivas forem as consequências para a coletividade, mais justificável se torna a ação.

O papel da consciência como limite

Além da oposição externa ou das consequências, existe um limite interno: a consciência. A capacidade de compreender a realidade e refletir sobre as intenções e os interesses que nos movem também pode nos frear. A consciência moral é, muitas vezes, o primeiro alerta de que um ato, por mais desejado que seja, não deve ser realizado.

Sartre e o sentido da existência

Jean-Paul Sartre trouxe outra dimensão à reflexão. Para ele, nascemos do nada e caminhamos para o nada. É nesse intervalo que chamamos de vida que atribuímos sentido às nossas ações. Podemos ser apenas um “ser em si” — uma existência passiva — ou escolher ser um “ser para si”, alguém que age com consciência e propósito.
Essa escolha é decisiva: é ela que dá forma ao que praticamos e ao que desejamos.

Onde estão, afinal, os nossos limites?

Diante dessas perspectivas, resta a reflexão: os limites estão na oposição que encontramos? Nas consequências que nossos atos produzem? Ou, ainda, em nossa própria consciência?
A resposta pode variar conforme a situação, mas uma certeza se impõe: as melhores ações são aquelas que, além de respeitar os limites, trazem benefícios para o maior número de pessoas.

 

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