Todos desejam ter podre, ambicionam a força e imposição sobre outros. Considera a governabilidade uma expressão do prestígio. Valorizam o mando e a honra que ele pode gerar. Mas o poder tem suas tramas, tem suas manhãs, tem sua lógica. Estas condições de sustentação do poder são maiores do que as intenções de quem assume a liderança.
Observamos na descrição do poder uma possibilidade de mudança pela simples vontade de quem governa. O poder parece dar a quem tem a autonomia de escolher o destino, seja da família ou da nação. Ele parece ter pleno controle sobre tudo e todos. Isto é engano, não tem. Conquistar a liderança muitas vezes não é fácil. Porém, mais difícil é manter-se no governo, no poder.
Elegemos nossos representantes públicos como se fossem capazes de assumirem o cargo representativo e mudar o rumo do governo, gerar mudanças na máquina do Estado, alterar as ações do poder. Mas não é bem assim que as coisas funcionam. A ascensão ao poder e a sua manutenção exige saber negociar com as forças que sustentam a governança. O respeito dos governados é uma condição além da simples escolha.
Desta forma, o Estado, por exemplo, assim como, a família que se governa, não responde simplesmente a ordem do líder porque ele a determina. Tolo do que acredita que tendo o cargo de comando basta dar-lhe a direção que quiser e ele seguirá o curso determinado sem surpresas. Toda a ação do poder mexe nas condições que o sustenta, pode derrubá-lo se ferir interesses, contrariar aliados, principalmente aqueles que têm força para sustentar o governante.
Logo, na política e na vida, os atos que tomamos quando estamos à frente de um grupo de pessoas, tendo a dimensão que tem, precisa de consciência para agir sem ser colocar em risco a condição de liderança. Há que se conhecer as forças que sustentam a governabilidade e saber manipulá-las. Aprender a conhecer as relações que nos sustentam. Entender a lógica do poder a nossa volta. Assim, entenderemos os limites entre nossas escolhas e a capacidade de mudança que tanto desejamos.