Preconceito: Uma “Naturalização” que Precisamos Superar
CBN Maringá

Opinião

Preconceito: Uma “Naturalização” que Precisamos Superar

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 21/05/2025 - 08:00

O que é o preconceito?

Preconceito não é algo inato, tampouco natural. Trata-se de uma construção social que, ao longo do tempo, associa perfis de pessoas a determinadas condições, comportamentos ou situações. Cria-se, assim, uma falsa equivalência entre o ser humano e determinadas características, como se certas pessoas estivessem “destinadas” a determinadas realidades ou práticas.

Em outras palavras, o preconceito acontece quando se naturaliza a ideia de que um grupo de pessoas compartilha traços que as tornam predispostas a certos comportamentos, geralmente de forma negativa e injusta. Esse processo envolve uma generalização que se perpetua culturalmente e que muitas vezes passa despercebida em expressões corriqueiras.

Os discursos que reforçam o preconceito

É comum encontrarmos frases que carregam essa carga preconceituosa, mesmo que disfarçadas de comentários banais ou informais. Expressões como "isso é típico de gente assim ou assado" ou "só podia vir de uma pessoa como essa" são exemplos claros de como o preconceito se manifesta no cotidiano. Essas falas assumem que determinadas ações ou comportamentos são exclusivos de certos perfis, o que reforça estigmas e alimenta a exclusão.

Esse tipo de construção nos faz acreditar que há uma lógica natural por trás dessas associações, mas isso não é verdade. Não há nada de biológico ou inerente nas práticas que vinculamos a certos grupos. O que existe é um condicionamento histórico e social que estabelece essas falsas conexões.

Preconceito racial: um caso emblemático no Brasil

O preconceito racial é uma das formas mais evidentes e persistentes dessa construção social. No Brasil, essa questão tem raízes profundas. Durante mais de 300 anos de escravidão, a população negra foi associada a uma condição de inferioridade. Com o passar do tempo, essa associação foi reforçada por práticas sociais que marginalizaram os afrodescendentes, perpetuando a ideia de que eles ocupam naturalmente posições sociais inferiores.

No entanto, essa condição de desigualdade não é fruto da natureza das pessoas negras, mas sim da estrutura social que a escravidão instituiu e que persiste em muitas formas até hoje. É essencial compreender que a inferioridade social não é uma consequência de características individuais, mas de um sistema excludente que ainda resiste em ser desmantelado.

O Brasil afrodescendente e o desafio do reconhecimento

É importante lembrar que o Brasil é o país com maior população afrodescendente fora da África. Mais de 70% dos brasileiros têm, em alguma parte de sua árvore genealógica, raízes africanas. Ainda assim, muitos tentam negar essa origem ou encará-la com vergonha, reforçando atitudes preconceituosas como forma de ocultar um passado que não querem enfrentar.

Lidar com o preconceito exige coragem. É preciso encarar a verdade sobre quem somos como sociedade. A superação do preconceito é uma vitória coletiva — não apenas dos grupos historicamente marginalizados, mas de toda a sociedade que deseja ser mais justa, equânime e consciente de sua história.

Conclusão: o caminho para o respeito

Afirmar o preconceito é fugir da verdade. É generalizar sem compreender, é excluir sem refletir. O combate ao preconceito começa com o reconhecimento das construções sociais que o sustentam e com a escolha consciente de enfrentá-las.

Superar o preconceito é um passo essencial para o amadurecimento social. É respeitar a diversidade, valorizar a origem e construir um país mais inclusivo.

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