Márcio nasceu em Maringá e cresceu no Jardim Independência, em Sarandi. Ele começou a perder a visão aos quatro anos de idade por conta de uma doença autoimune severa, provocada por um erro de diagnóstico e o consequente uso indevido de um medicamento, que provocou sequelas na visão do olho esquerdo. Chegou a ser alfabetizado, mas aos oito anos, um outro erro, em um atendimento oftalmológico, causou a perda da visão do olho direito, deixando-o totalmente cego e o menino foi expulso da escola, que na época, não tinha condições de oferecer um ensino inclusivo a alguém que não enxergava.
Márcio aprendeu braile com um conhecido da família que também era cego e tinha uma irmã que era professora. Foi ela quem trouxe o garoto de volta para a sala de aula, quase três anos depois, em um projeto piloto na cidade de Sarandi, como ele relembra. [ouça o áudio acima]
Márcio também foi pioneiro como estudante na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Ele foi o primeiro estudante com deficiência visual do curso de Direito da instituição. Para essa fase, havia pouquíssimos livros em braile e ele não tinha computador em casa para facilitar o processo a partir de leitura virtual. Foi só no meio do curso que ganhou um computador de um colega de classe. [ouça o áudio acima]
O início da trajetória profissional se interligou ao auxílio às pessoas com deficiência. [ouça o áudio acima]
Ele começou a trabalhar na Justiça Federal como técnico judiciário. No entanto, havia uma desconfiança se uma pessoa cega poderia ou não trabalhar no judiciário em decorrência do processo ser físico. [ouça o áudio acima]
Aprovado em um concurso, em 2011 Márcio se mudou para a capital para atuar como analista judiciário no Tribunal Regional do Trabalho e passou a focar nos concursos para a magistratura. [ouça o áudio acima]
O concurso da magistratura teve quase 18 mil inscritos e 229 pessoas apenas foram aprovadas. Na hora da classificação, ele se valeu do direito de PCD para avançar na lista e poder escolher onde queria trabalhar. Ele optou por São Paulo, onde tomou posse na última sexta-feira (26) tornando-se o primeiro juiz de carreira cego a atuar na Justiça do Trabalho no Brasil.
No discurso, durante a cerimônia, ele falou sobre a importância do acolhimento no exercício da função.
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