Estamos vivendo o mundo da falsa notícia. Mas se formos considerar o comportamento das pessoas de uma forma geral, o que não tem sua dose de falsidade? Acumulamos a nossa volta a imagem de felicidade, de satisfação nas páginas sociais. A regra é ter que aparentar felicidade e postar as coisas “maravilhosas do dia a dia”. Ser humano é insuportável.
A verdade tem se tornado uma raridade. A sinceridade, virou a má educação e uma ofensa. Agora o assédio moral extrapola a ofensa e se torna uma ameaça a que deseja viver no “mundo de Alice”. Ser feliz na estética é mentir. Ai de quem falar a verdade! O foco da existência deixou de ser as coisas como são para ser as coisas como gostaríamos que ela fosse.
Em ano de eleição, tememos o “fake”. Queremos separar o “joio do trigo” exigindo a informação real daquela que foi construída para vender a falsa imagem. Porém, em nosso dia a dia, a veracidade é insuportável. A propaganda, as campanhas publicitárias, construídas sobre a lógica da ilusão parece ser uma realidade possível. Claro que não é, mas todos a buscam desesperadamente. A vida deve ser uma propaganda de margarina.
A procura de um candidato para as eleições é um bom exemplo da compra de um produto. A escolha do representante público está desconectada da realidade de sua função. Queremos o que mais nos agrada nas mensagens que se casam com nossa visão precária e ilusória da realidade. Não desejamos candidatos que expõem em suas campanhas a verdade. A sinceridade está confundida com o pensamento negativo, com a depressão, com o mau humor. Não é por acaso que o suicídio tem crescido. Entre o que desejamos ser, o que as pessoas aparentam ser e o que realmente as coisas são há uma contradição dolorosa.
Logo, se vamos combater a falsidade na política, as informações falsas, temos que pensar que o eleitor tem uma dose de paixão pela ilusão. Se tememos ser enganados temos que considerar o quanto nos alimentamos pelo engano, inclusive de nós mesmos. Onde a imagem se propaga em meios de comunicação que geram a falsa ideia do destaque as coisas insignificantes, é difícil ter bom senso. Logo, a verdade é algo que muitos não suportam.
Mais uma vez preferimos ser enganados por que nos enganamos. Se queremos a verdade da vida pública e do homem público, temos que cultuá-la em nossas próprias vidas. Por isso, vai a pergunta: “Quantos realmente querem romper com o mundo fake e quantos fazem dele a razão de sua vida? ”.