Valorizamos muito os personagens. Eles sempre se destacam acima das pessoas. Ganham importância na esperança que nutrimos de mudança. É nelas que se deposita a confiança. Acredita-se que um bom caráter pode trazer algo novo, mudar as coisas, fazer diferente. Mas, há a pergunta que não quer calar, será?
Vamos ao exemplo. O presidente eleito Jair Bolsonaro está a volta com as denúncias envolvendo sua família. Ele desmente. Diz não haver nada de errado. Chegou a falar que se o filho estiver envolvido, será punido. Ele realimente pode ser inocente, ou não.
O que convido aqui é para tirarmos um pouco o foco das pessoas e pensarmos nas relações. As intenções que movem os seres humanos são cultuadas em determinado ambiente. Lá, as relações de troca subsidiam os desejos. E se queremos acabar com os maus intencionados não devemos estar à procura das pessoas, mas de romper certas relações.
Aprender a entender a lógica que move as pessoas em determinadas instituições aprimora nosso julgamento sobre elas, até mesmo a resiliência. As pessoas têm culpa em suas escolhas, mas para muitas, o que se escolhe é uma possibilidade limitada a certos interesses. Nunca se esqueça de que em determinados lugares, o ingresso para a legião do mal implica em não ter como intenção o bem. Se é que o mundo é dividido em “bem” e “mal”.
O que interessa mesmo é sabermos fazer nossas escolhas. Aprender a experiência que vida nos passa em compreender as relações que nos cercam e a entender as pessoas dentro destes ambientes. Assim, com certeza, vamos nos decepcionar menos com os seres humanos.