Representantes regionais do atletismo voltam sem medalha, porém vitoriosas
Flávia Maria Lima, conquistou a medalha de bronze no Campeonato Sul-Americano Indoor de Atletismo. | Foto: Divulgação/Grupo Integrado

Jogos Olímpicos de Paris

Representantes regionais do atletismo voltam sem medalha, porém vitoriosas

Esporte por Brenda Caramaschi em 05/08/2024 - 10:54

Nascida em Querência do Norte, Valdileia Martins não conseguiu competir na final do salto em altura feminino dos Jogos Olímpicos de Paris nesse domingo (4). Mas conseguiu igualar o recorde nacional antes de se lesionar. E Flávia Maria, que não chegou à final dos 800 metros volta de Paris com uma vitória pessoal: se tornou símbolo na luta contra o machismo estrutural.

Estreante em Jogos Olímpicos aos 34 anos de idade, Valdileia Martins fez a melhor marca da carreira nas eliminatórias saltando 1,92m, garantiu vaga na final e igualou o recorde brasileiro de 1989, de Orlane Maria dos Santos, que conquistou a marca em Bogotá, na Colômbia. Mas na prova olímpica na capital francesa, Valdileia torceu o tornozelo ao tentar superar a marca, saltando 1,95m.

A saltadora iniciou uma corrida contra o tempo para ficar saudável para competir neste domingo e se apresentou para a decisão da prova com o tornozelo enfaixado, entretanto acabou desistindo ainda na corrida da primeira tentativa de salto. Parou no início do movimento e informou estar sem condições físicas para continuar. [ouça o áudio acima]

A força para estar presente na final, mesmo lesionada, veio do pai, que faleceu aos 74 anos na segunda-feira (29) vítima de um ataque cardíaco, quando a atleta já estava na Europa, na reta final da preparação para a disputa olímpica, diz o irmão de Valdileia, Ezequiel Martins. [ouça o áudio acima]

A medalha não veio, mas a história de vida de Valdileia conquistou o Brasil. O primeiro passo na preparação para que ela pudesse representar o País nas olimpíadas foi dado quando ela estava na sexta série do ensino fundamental em uma escola pública do pequeno município de Querência do Norte, como relembra o primeiro treinador, o então professor de educação física, Flávio Rodrigues. [ouça o áudio acima]

Valdileia Martins chorou ao abandonar a prova, mas a família sabe que, mesmo sem medalha, ela volta vencedora, depois de realizar um sonho de estar entre os melhores do mundo representando o Brasil.

Para a menina que saltava descalça, usando varas de bambu e caindo sobre palha de arroz chegar a uma final olímpica, foram anos de preparação, treinos, lesões, altos e baixos. De Querência, Valdileia veio para Maringá, depois para o interior paulista. Desde 2018, Dino Cintra é o treinador que ela escolheu e conta sobre como ela conseguiu chegar à marca obtida em Paris. [ouça o áudio acima]

Valdileia Martins. | Foto: Wander Roberto/COB
Valdileia Martins. | Foto: Wander Roberto/COB

Também no atletismo, Flávia Maria de Lima, de 31 anos, que representa Campo Mourão, não avançou para as semifinais e se despediu das Olimpíadas de Paris, na manhã desse sábado (3), após chegar em sexto lugar na prova dos 800 metros livre. Nas redes sociais, ela agradeceu, sem perder o otimismo mesmo após deixar a competição.

A presença de Flávia nas Olimpíadas levantou uma bandeira de inspiração para outras mulheres na luta contra o machismo. A paranaense foi para a Europa em meio a uma disputa judicial com o pai da sua filha de seis anos. Segundo a atleta, o pai da criança utiliza como argumento no processo as frequentes viagens feitas pela paranaense para participar de competições. [ouça o áudio acima]

A defesa do ex-marido de Flávia afirma que não tem interesse em se manifestar, pois o processo tramita em segredo de Justiça.

Pela primeira vez, nesta edição das Olimpíadas, há mais mulheres do que homens na delegação brasileira e ainda há representantes do noroeste paranaense com possibilidade de pódio: são as atletas maringaenses Adriana Cardoso e Gabriela Moreschi, do handebol, que disputam as quartas de final contra a Noruega no dia 6 de agosto. A mãe da Gabi, Carla Moreschi, está na França acompanhando os jogos da filha e fala sobre a emoção da última partida, contra Angola, que garantiu a classificação. [ouça o áudio acima]

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